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Parir em Paz

Parir em Paz

Genética Cruel

Uma pérola do Ric... sobre sobre exames que se fazem durante a gravidez....

Magnífico!

GENÉTICA CRUEL

Pergunta que me fiz agora, entre horrorizado e estupefato....(desculpem... estou tendo uma crise existencial neste instante)"Se minha mãe tivesse à mão um exame sofisticado e acurado para detecção de aberrações, e ficasse sabendo no que eu me tornaria, teria mantido a gestação?"
Ai... tenho medo de perguntar a ela...Fico até imaginando a cena...
O médico chega na sua sala, cheio de esfigmomanômetros e estetoscópios "Tycos" pendurados no pescoço, canetas Parker(*) no bolso do jaleco e coloca o envelope escuro que contém o resultado dos exames próximo de umas caixas de amostra grátis de Entero Viofórmio. Olha para minha mãe com uma certa gravidade. "Pose é tudo; somos atores; tenha sempre isso em mente", lembra-se ele.
Pigarreia e finge estar cheio de preocupações na cabeça, quando, em verdade, está lembrando da mulher de peitos volumosos que acabou de encontrar no elevador do edifício. Minha mãe cruza nervosamente os braços, protegendo o colo da violência das palavras que teme saírem da boca do seu médico. Pensa nas roupinhas que está fazendo, e tem medo de ter que terminar o crochê no meio. Lembra de seu outro filho, absolutamente normal, cujos exames detectaram a possibilidade de se tornar professor de medicina, matemático, músico e goleiro de futebol de salão, não exatamente nesta ordem cronológica. "Porque não daria certo desta vez", pensa ela?
Na sua família todos os exames apontaram para a positividade, com exceção da sua cunhada, que apresentou positividade para "dono de banca de peixe no mercado".
Sequer havia consenso de que era um resultado claramente inadequado. Mas foi apenas uma, entre tantas mulheres na família... O resultado do exame da sua prima também não pode ser contabilizado como ruim, até porque saiu na capa das revistas que os médicos decretaram que "dançarino de lambada" não podia mais ser classificado como "resultado negativo", tendo sido retirado do DSM como "doença", e colocado como "desvio da normalidade".
Olha para os exames em cima da mesa e treme. "Poderia ser um padeiro, um caminhoneiro ou um dentista. Tudo bem, não tenho preconceitos". Ela sente-se culpada, e sua tensão brota no suor sobre os lábios. "Porque não fiquei vendo o Programa Flávio Cavalcanti até mais tarde? Tinha que apagar a luz! E toda aquela conversa mole de que 'um filho só é pouco'..." Ahhh, se arrependimento matasse teríamos uma emergência médica fatal na sala do obstetra. Os segundos parecem horas. Minha mãe não consegue conter-se de pânico e ansiedade. Olha para a cara do médico e chega a notar a barba crescendo-lhe no rosto. Porque tanto tempo para abrir um mísero envelope? Qual o objetivo desta tortura? Raaaapt.
O médico rasga o envelope lacrado em uma das pontas e vislumbra, espichando o olho, o conteúdo onde estão os exames de detecção genética. Coloca o pedacinho rasgado do envelope num cinzeiro sobre a mesa, onde se lê "Fármácia Xamequinho, sempre cuidando de você". A mão cabeluda do obstetra penetra no envelope, e minha mãe sente um arrepio, sem entender bem porque.
"Ok... agora pelo menos saberei".
Os papéis aparecem na borda do envelope pardo. Consegue ver o timbre vermelho do laboratório. "Laboratório Vita Brevis, sua saú..." As letras se embaralham quando o médico puxa os papéis para perto do rosto. Levanta os óculos fininhos comprados nas óticas "Lince", e franze o sobrecenho.Franzir o sobrecenho faz parte das mais rebuscadas aulas de conduta médica. Conheço um colega que tem uma técnica fantástica de comprimir as sobrancelhas e fazer "hummm" olhando para um traçado de monitor fetal. Ele já foi convidado a palestrar em Harward sobre esta metodologia, e está escrevendo um tratado sobre "mão no queixo e suas implicações terapêuticas". Ele está lendo os resultados. Molha os lábios com a língua e folheia as 3 ou 4 páginas cheias de desenhos e curvas. Minha mãe ainda consegue ver, por translucência, os gráficos impressos na folhas. Uns descem, outros sobem. O que estaria subindo? O que estaria descendo? Será que ele é normal? Poderá estudar, jogar bola, comer pizza? Ou terá anomalias como vegetarianismo, ecologismo ou (credo) tendências esquerdistas?
O doutor finalmente se pronuncia. Mistura palavras difíceis com expressões mais "populares". Ele é piedoso com a ignorância de minha mãe quanto aos jargões."Os exames não foram de todo ruins, madame", diz finalmente o médico, baixando os oclinhos fininhos. Temos alguns pontos positivos, como o time que ele torcerá, mas algumas coisas para as quais a senhora e seu marido devem estar preparados. Não é uma tragédia, até porque a Medicina (ele diz a palavra medicina com a primeira letra maiúscula, mesmo) já fez muitos progressos (pigarreia...) e já existem tratamentos com razoável sucesso (pigarreia de novo). Não quero lhe dar falsas esperanças, mas também não procuro lhe oferecer um quadro demasiado negro. Veja bem, os medicamentos modernos e..." As últimas palavras sequer foram captadas por minha mãe. Os sons entravam embaralhados em seus ouvidos e chocavam com as paredes da cóclea, fazendo com que cada sílaba se repetisse indefinidamente, produzindo uma multiplicidade de ruídos indecifráveis. Escutava a voz do doutor de mão peluda como vindo de um túnel escuro e frio, onde não parecia chegar nenhuma luz. Levanta sua mão lentamente até a boca seca, e de seus lábios de cera brota o pedido último: "Doutor...diz ela com uma voz enevoada, qual o resultado?" O médico olha firmemente para seu rosto. Pela primeira vez ela via consternação no rosto do profissional. Ele tinha algo pesado a dizer, e mesmo os anos de frieza da escola médica não eram suficientes para que ele contivesse o olhar compreensivo e misericordioso."Dona Elba, disse ele, apareceu "homeopata" e "obstetra humanista" no exame. Podemos repetir os exames, ou fazer alguns mais sofisticados, mas eu acho inútil. Eu sinto muito. Fiz o que pude. Mas tente ver pelo lado positivo, se é que a senhora consegue encontrar algum." Minha mãe está imóvel.Olha fixo para um ponto da parede. Não consegue dizer nada, e até a respiração parece ter se interrompido.Não escutou quando o médico pediu a presença do meu pai no consultório, e nem quando ele frisou a palavra "urgência" para a secretária.Os sonhos escorriam pelo chão e se depositavam ao lado da pequena cesta de lixo, onde se lia "Padaria Santa Sé, onde o seu pão é sagrado". "A senhora tem alguma religião", perguntou por último o médico.Inútil. Minha mãe já estava desacordada nos braços da secretária sendo abanada por uma toalha de rosto, onde se lia "Casas Pernambucanas. Onde ser feliz é tão fácil".
Ric
(*) Uma piada do meu tempo de residência, que o Max adorava contar. O professor diz, para um grupo de recém formados, que a melhor definição de um médico é "um cara que tem um Fusca, uma caneta Parker e um par de cornos na cabeça". Neste momento, sempre tem um residente desatento que diz "Putz... eu não tenho caneta Parker !!!"

Induções.. (blog nascer em casa )

http://nasceremcasa.blogspot.com/2007/06/induo.html

O avanço da medicina com a descoberta de novos fármacos, desenvolvimento de novos instrumentos, máquinas e acessórios para actos médicos associado à padronização dos valores fisiológicos em limites cada vez mais convergentes se permite por um lado a monitorização do estar, não permite desta forma uma margem de manobra para que as competências humanas se possam manifestar de forma a compensar certos e determinados desequilíbrios. É óbvio que no combate ao desenvolvimento galopante de uma qualquer doença na pessoa, os medicamentos são hoje ferramentas essenciais no apoio e suporte a essa luta. A questão põe-se e com alguma pertinência, penso eu, o porquê da utilização abusiva desses fármacos no estado de saúde? Hoje, o ritmo alucinante que a vida tem, associado à impossibilidade de se dar tempo ao tempo, o recurso ao medicamento é feito de forma mecânica e irreflectida no sentido do alivio rápido de alguma sintomatologia, assim como é utilizada de forma a prevenir as sequelas inerente ao stress imposto pelos ritmos modernos.Não posso deixar passar também aqui o facto de que actualmente a indústria farmacêutica ocupa o terceiro lugar na escala da economia mundial, logo a seguir à indústria alimentar e energética e também é sabido que há necessidades instituídas pelos diversos estratos sócio-profissionais para que esta máquina poderosa continue activa e imparável (a quantidade de farmácias para venda de medicamentos livres de receita médica criadas na primeira metade de 2007, foram de 500 ), pelo que a criação de um estado pessoal com permanente medo da doença e do micróbio para além do pânico que se instala é importante na estratégia do medicamento-dependência.Esta reflexão aborda a indução do trabalho de parto.Penso ser oportuno, em primeiro lugar, recordar que a Organização Mundial de Saúde refere que a gravidez normal pode ir até às 42 semanas, inclusive, e que deve haver um extremo cuidado na utilização de medicamentos que possam interferir com o desenvolvimento normal de uma gravidez.Por definição, indução do trabalho de parto é a estimulação e manutenção de actividade uterina, traduzida por contracções regulares e contínuas, e que tem como objectivo expulsar o conteúdo uterino fruto de uma concepção.O desenvolvimento dos actuais indutores do parto resultaram do conhecimento da fisiologia humana e traduz a necessidade para a sua utilização em casos de extrema necessidade, isto é, quando há risco efectivo para a mãe, feto ou para ambos no decurso daquela gravidez. Situações como pré-eclâmpsia grave, eclâmpsia, hellp, atraso de crescimento intra-uterino grave ou severo, oligoâmnios severo entre outras situações, justificam de facto a utilização desta terapêutica.Estes medicamentos têm a capacidade de estabelecerem um padrão de actividade uterina designada por contracções e que tem por objectivo antecipar o parto. Os indutores medicamentosos do trabalho de parto e parto dividem-se em duas grandes categorias: os de acção cervical (que actuam directamente no colo uterino) e os de acção miometrial (que actuam directamente no músculo uterino).Os primeiros designados por prostaglandinas, tem a função de "amadurecimento" do colo uterino e assim torná-lo facilmente dilatável (melhorar, assim, o índice de Bishop). Não têm uma interferência directa no processo do trabalho de parto, mas faz com que o colo então amadurecido, possa dilatar com facilidade através da utilização dos indutores ocitócicos. Como nota complementar ao que foi referido, acredita-se, hoje, que o processo natural de desencadeamento das contracções uterinas, entre outros factores, se deve á acção das prostaglandinas humanas, que existem fundamentalmente no líquido amniótico, directamente no colo uterino, só assim se consegue explicar porque é que, na maioria das vezes, quando uma mulher tem a ruptura da bolsa amniótica, começa, algum tempo depois, com contracções uterinas e assim se desencadeia, naturalmente, o trabalho de parto.Os segundos, ocitócicos puros, são medicamentos de síntese laboratorial que tem composição idêntica à da ocitocina, hormona libertada pela hipófise anterior. Tem a respectiva acção junto das fibras musculares do miométrio (músculo uterino) e assim acelerar ou manter aquilo que se designa por contracções uterinas.Como já foi dito, este procedimento foi desenvolvido para dar resposta ás situações criticas da gravidez, quer sejam elas maternas, fetais ou de ambos. Agora, o que se passa nos dias actuais é que se faz um uso abusivo destes medicamentos e para situações que em nada tem a ver com situações patológicas ou criticas. Muitos dos critérios usados hoje, centram-se fundamentalmente para respeitar o tempo ou presença do médico, porque a mulher é de longe, por causa da programação de datas festivas ou férias, para se "evitarem" complicações e para dar resposta às exigências das mulheres/família (provavelmente mal informadas). Um outro argumento amplamente utilizado é por causa da dismaturidade (o mesmo que bebé velho, isto é, com mais tempo de gestação do que as 42 semanas), para prevenir ou evitar os problemas inerentes a esta situação, contudo verificam-se hoje induções, sem causa aparente, às 39, 38 e até 37 semanas, logo muito longe das 42.O problema da indução do trabalho de parto e parto vai muito além do simples desencadear e manter as contracções uterinas, arrasta consigo ou desenvolve um conjunto de complicações materno-fetais que podem terminar com consequências gravíssimas para ambos. Este procedimento não é inócuo. Entre outras coisas, não permite que a mulher desenvolva os mecanismos normais, fisiológicos e antagonistas da dor (as endorfinas), obriga a vigilância contínua e necessita a monitorização permanente através do registo cardiotocográfico para se controlarem os problemas associados com o uso destas drogas, por exemplo, a taquissistolia uterina (mais contracções por unidade de tempo do que as que normalmente se verifica), a hipertonia uterina (mais tempo de duração da contracção por unidade de tempo do que normalmente se verifica), a ruptura uterina (rompimento espontâneo da parede uterina por consequência das contracções fortes e contínuas) e o descolamento da placenta (por mecanismo idêntico ao da ruptura).Num processo de indução de trabalho de parto são desencadeadas e mantidas dores brutais na mulher, muito acima do potencial normal e capacidade de resistência, criando-se assim, facilmente, uma situação de desespero que vai além do simples facto de ter contracções. Se este processo for combinado, isto é, a utilização dos dois medicamentos indutores, por fases, onde primeiramente são colocadas as prostaglandinas cervicais, para amadurecimento do colo, e depois os ocitócicos para as contracções uterinas, pode-se dizer que estamos perante um processo altamente agressivo e desumano para o estar daquela díade, mãe/feto. Daqui se percebe o porquê da mulher suplicar para que seja feito o bloqueio analgésico através da epidural, no fundo, é já uma "necessidade" daquela mulher que deve ser satisfeita. Consequentemente, a epidural, como processo bloqueador, interfere nas capacidades maternas o que pode levar, assim, a outras complicações extremamente graves que já foram referidas em reflexão anterior.Voltando ainda às consequências da indução, verifica-se na maior parte das vezes aquilo que é designado por inversão de polaridade. Isto é, num processo de trabalho de parto e parto natural a frequência das contracções situam-se em intervalos mais ou menos regulares de 5 minutos, com a duração da própria contracção a não ultrapassar, em média, o minuto de duração, ora, na indução verifica-se uma alteração deste padrão, com contracções mais prolongadas, podendo ultrapassar o minuto e meio de duração, enquanto que se verifica menor espaço de tempo entre as respectivas contracções (observam-se com frequência uma contracção em cada 2 minutos), o que dá uma imagem gráfica de inversão do traçado. Logo, se com menos tempo disponível para que se processe a recuperação útero-fetal, associado às contracções mais duradouras, podemos então imaginar o quanto este processo por si só é violento e agressivo. Se para a mãe, quando castrada nas suas competências, através do bloqueio epidural, passa a suportar esta fase com alguma facilidade, porque não tem o estimulo sensorial de dor (não tiraram a dor, bloquearam a transmissão desse mesmo estímulo, e outros, por inerência, o que dá a percepção de ausência de dor), já o feto é vítima de uma agressividade física sem limites. Se não vejamos, pelo facto dos intervalos de tempo entre contracções ser manifestamente insuficiente para recuperar, é-lhe também suprimido ou diminuída a quantidade de oxigénio e nutrientes necessários para as suas funções vitais (um útero contraído não permite que se efectue as trocas gasosas e nutritivas ao nível da placenta na exacta medida que cada contracção estrangula por um lado os vasos que fazem chegar o sangue materno e por outro os vasos que levam o sangue ao feto), pelo que é facilmente levado ao completo esgotamento de todas as suas reservas, o que o faz entrar na fase designada por sofrimento fetal. Por aqui se consegue perceber da necessidade imperiosa de haver sempre um neonatologista por perto, porque um bebé esgotado não consegue e nem é capaz de fazer uma boa adaptação à vida extra-uterina o que exige por isso, muitas vezes, a execução das manobras de reanimação neonatal. Se a isto se associar a dor que possa ter, devido à colocação de uns fórceps, ou ventosa ou até de ambos, não temos, assim, a capacidade de imaginar o sofrimento que este delicado ser é vítima quando da saída do ventre de sua mãe.Fazendo uma ligação a outra reflexão anterior, a epidural, assim se explica melhor e de forma fácil os 70% de partos distócicos das nossas maternidades (ventosas, fórceps e cesarianas), o que não se consegue explicar é o sofrimento atroz que cada mulher passa consequência das contracções violentas que se lhe impõem, primeiro pela acção das prostaglandinas e depois através das perfusões ocitócicas (soro com ocitocina) e também não se consegue explicar, porque não está quantificado ainda, o nível de sofrimento que o feto passa, assim como as consequências a curto, médio e longo prazo quer para o bebé pela instrumentalização do parto, quer para a mãe como consequência igualmente da instrumentalização do parto, da episiotomia efectuada ou da ferida cirúrgica abdominal fruto de uma cesariana.Assim a consequência de um acto que muitas vezes tem como argumentação "o dar uma ajudinha para o bebé nascer" ou "pronto já chega de gravidez", pode-se transformar por um lado num dos piores momentos e vivências para a mulher que deseja ter uma experiência maravilhosa com o nascimento do seu filho e por outro, para o bebé, é vitima de uma agressividade desmesurada. Podemos assim compreender a natureza das verdadeiras histórias de terror e de pesadelo relatadas por inúmeras mulheres quando revivem mentalmente os seus partos.Hoje conhecem-se formas naturais de induzir um trabalho de parto e parto, sem recurso a drogas violentas, estão descritos mecanismos pelos quais se pode desencadear este processo, porque não, então, utilizá-los?O parto humanizado tem como base o não recurso a agentes terapêuticos como coadjuvantes do processo de nascimento, assim como respeita a fisiologia e o tempo de nascimento, por isso se explicam as tão baixas taxas de problemas materno/neonatais a quem opta por esta alternativa.Num parto em casa é proibido o uso destes agentes em qualquer fase do trabalho de parto e parto, excepto em caso de hemorragias severas pós-parto. Só que aqui, não funcionam como indutores, mas sim como estimulantes do tónus uterino, em úteros com dificuldade em se contrairem, evitando, assim, as hemorragias puerperais.Dá que pensar não dá?

Induções..

Hoje em dia, é proposto a muitas mulheres a indução do parto, quando o bebé não quer nascer a partir da 40ª semana... e às vezes até antes (dizendo-se que já pode nascer, já está de termo...), sem que haja qualquer situação clínica que o justifique. Muitas mães aceitam (algumas até o sugerem, de tal forma a indução está banalizada)... estão cansadas de estarem grávidas, já se sentem desconfortáveis, ansiosas por conhecerem o seu filho, e geralmente não questionam a proposta de um obstetra.
Mas o facto de se estar no final da gestação, não significa que o bebé esteja preparado para nascer... só significa que sobrevive sem problemas aparentes. Mas o que é que nós desejamos para os nossos filhos? Que simplesmente sobrevivam? Ou que nasçam no momento que lhes é mais favorável, aquele que eles próprios determinam em harmonia com o corpo da mãe?
As mulheres não são todas iguais, e os bebés não amadurecem todos no mesmo “prazo”, tal como os frutos de uma mesma árvore não amadurecem todos ao mesmo tempo.Se o bebé ainda não nasceu não será porque ainda não está preparado para nascer?
Vivemos numa sociedade cada vez mais imediatista, consumista e crente na tecnologia... e isso também se reflecte na forma como temos os nossos filhos.
Se procurarmos as respostas no conhecimento da fisiologia, sabemos que é o bebé que deve dar o sinal para iniciar o trabalho de parto. Quando os seus pulmões atingirem o auge da maturidade ele liberta hormonas que despoletam o trabalho de parto, estimulando o hipotálamo da mãe a produzir a hormona natural oxitocina, que por sua vez provoca as contracções uterinas.Isso significa que o bebé vai nascer no momento que respeita o desenvolvimento óptimo de cada criança, escolhido por ela.

Que tipo de mensagem enviamos ao nosso filho quando não lhe deixamos que ele próprio faça aquilo para que foi biologicamente destinado?
É um primeiro acto de auto-determinação que lhe é negado. “Não vais nascer quando quiseres, mas sim no dia que dava jeito à mãe ou ao médico”.
Não existe uma data fixa para o nascimento e não há razão para se pensar que um bebé tem forçosamente que nascer até às 40, às 41 ou mesmo às 42 semanas, até porque às vezes a idade gestacional não está bem definida.
Deve-se considerar um período provável para o nascimento (entre as 38 e as 42 semanas após o primeiro dia do último período menstrual) e não uma “data prevista” pois isso simplesmente não existe.
Ainda assim, no final de uma gestação prolongada, deve-se acompanhar com maior atenção o bem-estar do bebé, contando os movimentos, ouvindo o coração diariamente, verificando se há perdas de líquido com cor esverdeada, fazendo uma ecografia em caso de ansiedade ou dúvidas.
Se estiver tudo bem, para quê induzir?

A indução tem riscos sérios e uma grande parte das induções falha resultando em cesariana ou partos vaginais complicados, instrumentalizados e muitas vezes traumáticos para mãe e filho.
Quando a indução resulta é porque muito provavelmente o bebé estava para nascer nessa altura de qualquer modo.
Então não valerá a pena esperar?
Num parto induzido, é administrada à mulher pitocina (oxitocina artificial) através do soro intravenoso, com o objectivo de imitar a acção da oxitocina natural. Esta hormona sintética liga-se aos receptores uterinos para a oxitocina natural, inibindo a sua produção e recepção normal. As contracções induzidas artificialmente são mais dolorosas, mais agressivas para o útero (aumentando o risco de ruptura uterina) e mais perigosas para o bebé, que pode entrar em stress mais facilmente, o que é muitas vezes sinalizado pelo CTG e lá se vai para a cesariana, com todas as desvantagens que esta grande intervenção cirúrgica acarreta para o bebé e para a mãe.

Além disso a pitocina, ao contrário da oxitocina natural segregada pelo nosso hipotálamo, não atravessa a barreira cerebral da mãe e portanto não tem efeitos comportamentais ao nível do vínculo precoce mãe-bebé.
Como as contracções induzidas artificialmente são mais dolorosas e arrítmicas, a mãe sente maior necessidade de recorrer à anestesia epidural, que também acarreta um conjunto de riscos para mãe e filho, nomeadamente aumenta a probabilidade de um parto instrumentalizado e da separação precoce mãe-filho, para observação e intervenção, interferindo com o vínculo precoce e o sucesso da amamentação e potenciando também situações de depressão materna pós-parto.

No parto fisiológico, quando se deixa o nosso próprio corpo conduzir o processo, as contracções naturais são mais suaves, rítmicas e adaptam-se às necessidades do bebé. Vão crescendo gradualmente em duração e intensidade, intermediadas por intervalos de descanso. Quando não se interfere com este processo, o nosso organismo segrega juntamente com a oxitocina, outras hormonas benéficas, nomeadamente as endorfinas que atenuam a sensação de dor e suavizam o processo para mãe e filho.

Muitos partos traumáticos e cesarianas poderiam ser evitados hoje em dia, se as mulheres fossem devidamente informadas dos riscos dos procedimentos e se se responsabilizassem por fazer as suas próprias escolhas informadas e conscientes, ao invés de se demitirem dessa responsabilidade e assumirem que um profissional de obstetrícia é quem melhor pode decidir por si.

Os médicos com uma postura humanista sabem que devem encorajar a mãe a tomar as suas próprias decisões, com base nos factos e nas evidências científicas, e não em conveniências pessoais e institucionais.

Para contrariarmos um sistema industrializado de nascimentos, para que o nascimento em Portugal caminhe no sentido de ser uma experiência positiva, gratificante e verdadeiramente saudável e segura para cada mulher e seus filhos, nós mulheres precisamos de ter a informação e o apoio necessário nessa altura das nossas vidas e resgatarmos para nós um papel central na condução dos nossos partos.
http://doulasdeportugal.blogspot.com/search?q=indu%C3%A7%C3%A3o

Mais sobre induções...

http://nasceremcasa.blogspot.com/2007/12/canto-da-sereia.html

http://nasceremcasa.blogspot.com/2007/06/induo.html

http://doulasdeportugal.blogspot.com/search?q=indu%C3%A7%C3%A3o

http://hencigoer.com/articles/
ver os artigos sobre Induction of labour

http://www.motherfriendly.org/Downloads/induct-fact-sheet.pdf
Riscos da Indução
http://www.maternitywise.org/mw/topics/birthsetting/
Fisiologia do parto – as hormonas naturais

http://www.holistika.net/articulo.php?articulo=54019.html
Violência hospitalar – o uso da pitocina

A febre da indução

Maria João Amorim http://www.mae.iol.pt/



Induzir o parto é, hoje, uma das práticas mais comuns em obstetrícia. Induz-se porque o bebé «passou do tempo», mas ao contrário do que poderá pensar-se, a indução do parto não é um procedimento isento de riscos.
O dia estava marcado. Seria dali a uma semana. «Esse bebé que não saia antes de quarta-feira...», ressalvava a médica no final da consulta.
Joana Marques e o marido riscavam no calendário os dias que faltavam para o nascimento do primeiro filho de ambos. Era estranho saber, com antecedência, o dia em que veriam Pedro pela primeira vez, mas a médica defendia que a indução do parto era a forma de «garantir que tudo estaria sob controlo». Um argumento de peso para uma grávida no fim do tempo de gestação. «Não consegui dizer que não, mas tinha a ideia de que não era necessário provocar o parto. Eu estava bem, o bebé estava bem. Porquê induzir? Além disso, achava que era emocionante passar pela ansiedade da espera.»
Uma sensação que Joana não viveu. Tal como programado, Pedro nasceu alguns dias depois, às 39 semanas e quatro dias, num hospital privado de Lisboa. Joana chegou à maternidade às primeiras horas da manhã, foi submetida a uma medicação para estimular o início das contracções, epidural para controlar a dor e aguardou que o corpo obedecesse aos fármacos.
O filho nasceria dez horas depois. Um parto «chocho» e sem grande emoção: «Faltou ali qualquer coisa», recorda Joana, três anos depois.


Nascer com dia e hora marcada é, cada vez mais, uma prática comum em Portugal. «Banalizou-se muito a ideia do parto induzido», critica Diogo Ayres de Campos, director da Urgência de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de São João (HSJ), no Porto. Particularmente, «as induções sem motivo clínico», que o responsável acredita serem frequentes a nível nacional.
Quantas partos induzidos ocorrem em Portugal, ninguém sabe. Luis Graça, presidente do Colégio de Ginecologia e Obstetrícia da Ordem dos Médicos (OM), afirma que este é um assunto «que não está minimamente estudado no nosso país» e que não existem estatísticas nacionais sobre indução do parto. Há, no entanto, outros números que podem ajudar a compreender a dimensão do fenómeno. Joaquim Gonçalves, do serviço de Obstetrícia do Hospital Geral de Santo António, no Porto, compilou alguns dados internacionais: actualmente, 20 a 30 por cento dos partos resultam de uma indução, com destaque para os nascimentos ocorridos em unidades de saúde privadas.
A escalada dos valores é a tendência observada ao longo dos últimos anos. Entre 1990 e 2003, o número de partos provocados subiu 25 por cento. A indução por conveniência representa, actualmente, cinco por cento do total de partos. O médico apresentou estes números no simpósio Clínica do Parto, que teve lugar no passado dia 13 de Abril, em Lisboa.
Como «áreas de controvérsia» elegeu a indução programada e a gravidez tardia, motivo frequente das induções registadas em todo o mundo. Temas polémicos, porque a indução do parto não é uma prática isenta de riscos. «Não podemos ocultar as consequências desta técnica», afirmou Joaquim Gonçalves. «É preciso criar uma consciência do risco.»
Conveniência e riscos Joana nada sabia sobre os possíveis riscos da indução do parto. «Foi uma opção que sempre me foi apresentada como isenta de complicações.»
Da parte da médica, a única garantia que obteve foi que a indução representava mais segurança para o bebé. Nunca a ouviu dizer, por exemplo, que havia a probabilidade de o parto terminar em cesariana. «Uma das principais causas do aumento da taxa de cesarianas é a indução do parto em grávidas que ainda não têm o colo do útero maduro», explica Luis Graça. Uma prática que o médico reconhece ser «comum» em Portugal.
Diogo Ayres de Campos aponta outras consequências dos nascimentos induzidos com fármacos: contracções mais precoces, partos mais dolorosos e incómodos, necessidade de outras intervenções. No HSJ só se fazem induções com motivos clínicos. «Fica tudo registado», esclarece o responsável. O controlo é feito, inclusive, de forma indirecta: «Verificamos sempre as razões das cesarianas e se houver alguma que tenha origem numa indução sem fundamento, questionamos o médico», explica Diogo Ayres de Campos. Esta postura fez com que, entre 2003 e 2004, o número de cesarianas registadas no serviço baixasse dez por cento.
A mesma filosofia orienta a equipa de Obstetrícia do Hospital Garcia de Orta, em Almada. Induções, só com justificação clínica. O hospital regista uma taxa de 16,7 por cento de partos induzidos.
Manuel Hermida, director de serviço, acrescenta que, para minimizar os riscos de cesariana, é preciso preparar o colo do útero antes da indução. Ou seja, «ir induzindo» com medicação e saber esperar. Uma situação muito diferente de «induzir para parir no mesmo dia», critica o responsável.
«Cinquenta por cento das grávidas a quem preparamos o colo do útero entram em trabalho de parto de forma espontânea nas 24 horas seguintes. Se o feto estiver bem, não forçamos.»
Joana não necessitou do bisturi para fazer nascer o filho, mas houve um momento, sabe-o, em que o desfecho poderia ter sido outro. «A dilatação parou nos quatro dedos e a médica falou-me na cesariana. Mas eu não queria passar por essa experiência. Pedi-lhe para esperar mais um pouco e ela concordou. Uma hora depois, o bebé nasceu.»
Gravidez tardia Maria Silva chegou ao final da gravidez cansada, pesada, farta: «Estava doida para que o bebé nascesse». A família não ajudava: «Sempre a perguntarem pelo dia do parto, sempre a pressionarem.»
Maria achou que por volta das 38, 39 semanas estaria «despachada». Mas às 40 semanas ainda tinha Filipe dentro de si, sem qualquer sinal de querer sair. «Não tinha contracções, só desconforto. Fazia avaliações todas as semanas, toques vaginais e nada. A certa altura, o médico disse-me que, se até às 41 semanas o bebé não nascesse, provocava o parto.» Foi um alívio.
No dia marcado, à hora combinada, Maria dirigiu-se à Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa. Foi encaminhada para uma enfermaria e medicada. Esteve o dia inteiro sozinha, deitada, ligada ao soro, sem poder comer. Não podia sequer levantar-se para ir à casa de banho.
Esperou horas e horas que as contracções tivessem início. Mas o corpo não reagiu aos fármacos e, ao principio da noite, os médicos acabaram por optar pela cesariana. Maria louvou a decisão: «Sempre quis fazer cesariana. Nunca me imaginei a ter um parto normal. Tinha muito medo das dores.»
Induzir o parto às 41 semanas é a prática dos hospitais em Portugal. «Nunca esperamos até às 42 semanas», confirma Paulo Moura, director da Maternidade Dr. Daniel de Matos, em Coimbra. «O risco de mortalidade fetal é um pouco maior», esclarece o médico.
Tão maior que justifique induções por rotina em gravidezes saudáveis? Paulo Moura afirma que a generalização da prática tem origem também em questões organizacionais: «Esperar até às 42 semanas implica uma maior vigilância da gravidez nesta fase. Mas nós não temos capacidade para fazer esse acompanhamento. Induzimos por rotina às 41 semanas porque é mais prático em termos de recursos humanos.»
«Perdeu-se a magia da espera» A doula Sandra Oliveira não percebe por que é que não se aposta nesse acompanhamento personalizado, em vez de induzir, por rotina, todas as gravidezes que ultrapassam as 41 semanas de gestação.
«A OMS só fala em indução do parto sistemática depois das 42 semanas», recorda a doula. «As mulheres deveriam ter, pelo menos, a hipótese de poder esperar.» Sandra Oliveira critica as «pressões» a que as grávidas estão sujeitas hoje em dia: «Da parte dos médicos, dos familiares, sempre a questionarem se o bebé não deveria já ter nascido. Perdeu-se a magia da espera.»
A doula defende que a ansiedade dos últimos dias pode ser «salutar e divertida». Há pequenas coisas que se podem fazer para evitar uma intervenção desnecessária.

O aumento das taxas de cesarianas é prejudicial para as mães e bebés


Fonte HumPar


O ICAN - International Cesarean Awareness Network ( www.ican-online.org ) destaca os 15 estudos científicos realizados em 2006, os quais deveriam manter as mães longe dos blocos operatórios.


Os 15 principais estudos de 2006 são:


1 - Mortalidade infantil e neonatal em cesarianas e partos vaginais em mulheres primíparas sem indicadores de risco. Realizado nos Estados Unidos, estudo de grupos de partos entre 1998 e 2001. (Infant and Neonatal Mortality for Primary Cesarean and Vaginal Births to Women with "No Indicated Risk," United States, 1998–2001 Birth Cohorts .MacDorman, et al., Birth: Issues in Perinatal Care; Volume 33; Page 175; September 2006).
Desenho do estudo: Os investigadores compararam os resultados das cesarianas com os dos partos vaginais em mulheres que não tinham nenhum factor de risco prévio ou complicações médicas.
Conclusão: O risco de morte para os bebés nascidos por cesariana foi quase 3 vezes maior do que o dos bebés nascidos por via vaginal.

2 - Complicações maternas associadas às cesarianas múltiplas (Maternal Complications Associated With Multiple Cesarean Deliveries. Nisenblat, et al., Obstetrics and Gynecology; Volume 108; Page 21; 2006).
Desenho do estudo: Os autores examinaram as consequências para a saúde materna ao passar por múltiplas cesarianas.
Conclusão: As cesarianas múltiplas estão associadas a uma cirurgia mais difícil e com uma maior perda de sangue comparadas com uma segunda cesariana programada. O risco de complicações importantes aumenta com o número de cesarianas.

3 - Cesariana anterior e risco de placenta previa e descolamento de placenta (Previous Cesarean Delivery and Risks of Placenta Previa and Placental Abruption. Getahun, et al., Obstetrics and Gynecology; Volume 107, No. 4, April 2006)
Desenho do estudo: Parâmetros do estudo: Os autores examinaram o risco de placenta prévia e do descolamento da placenta em mulheres com antecedentes de cesariana. Tanto a cesariana prévia como o descolamento são causas importantes de lesões e mortes no parto.
Conclusão: Ter antecedentes de cesariana aumenta a possibilidade de placenta prévia e descolamento da placenta, e cada cesariana adicional incrementa o risco ainda mais. As mulheres que só tiveram partos vaginais ou que apenas tiveram uma cesariana quase não têm esse risco.

4 - Taxas de cesarianas e resultados das gravidezes: O estudo global da O.M.S. sobre saúde materna e perinatal na América Latina (Caesarean delivery rates and pregnancy outcomes: the 2005 WHO global survey on maternal and perinatal health in Latin America. Villar, et al., The Lancet, June 3 2006; 367(9525):1819-29).
Desenho do estudo: Os autores analisaram 97,095 partos em oito países da América Latina à procura das relações entre o parto por cesariana e o resultado da gravidez.
Conclusão: As taxas de cesarianas associaram-se positivamente com lesões graves e morte das mães, inclusive depois de corrigir os factores de risco, e de morte para os bebés.

5 - Risco de ruptura uterina durante o esforço de parto em mulheres com uma ou várias cesarianas anteriores. (Risk of uterine rupture with a trial of labor in women with multiple and single prior cesarean delivery. Landon, et al., Obstetrics and Gynecology July 2006; 108:2-3,12-20)
Desenho do estudo: Os autores analisaram se o risco de ruptura uterina é maior em mulheres com várias cesarianas.
Conclusão: Múltiplas cesarianas não aumenta o risco de ruptura uterina e os autores assinalam que o parto vaginal depois de cesariana deveria ser uma opção para estas mulheres.

6 - PVDC versus cesariana programada electiva: Avaliação da saúde materna global (Vaginal birth after caesarean section versus elective repeat caesarean section: assessment of maternal downstream health outcomes. Pare, et al., British Journal of Obstetrics and Gynecology; Volume 113; Page 75; Jan 2006).
Desenho do estudo: Os investigadores compararam as taxas de histerectomias em mulheres que tinham um parto depois duma cesariana anterior e planeavam ter mais filhos. Conclusão: Uma política de cesarianas electivas repetidas associou-se a uma taxa acumulada de quase o dobro de histerectomias.

7 - Esforço de parto ou cesariana electiva em mulheres com obesidade mórbida e cesariana anterior (Trial of Labor or Repeat Cesarean Delivery in Women With Morbid Obesity and Previous Cesarean Delivery. Hibbard, et al., Obstetrics and Gynecology; Volume 108, Page 125, July 2006).
Desenho do estudo: Os investigadores compararam os partos de mulheres com uma cesariana anterior em relação com o índice de massa corporal materno.
Conclusão: As mulheres com obesidade mórbida e seus bebés tinham um risco maior de lesões quando o filho nasce por cesariana repetida.

8 - PVDC na Califórnia. Antes e depois da mudança dos protocolos clínicos. (Vaginal Birth After Cesarean in California: Before and After a Change in Guidelines Zweifler, et al., Annals of Family Medicine, May/June 2006;4(3):228-234).
Desenho do estudo: Os investigadores analisaram se os protocolos mais restritivos com o PVDC elaborados pela ACOG e implementado pelos profissionais e os hospitais melhoraram a saúde das mães e bebés.
Conclusão: Os investigadores verificaram que os protocolos mais restritos impostos nas mulheres com uma cesariana anterior e naquelas que desejavam um PVDC não se traduziram numa melhoria na saúde das mães ou dos bebés.

9 - Ruptura uterina e parto com uma cesariana anterior inferior transversa (Uterine rupture and labor after a previous low transverse caesarean section. Turner, et al., British Journal of Obstetrics and Gynecology June 2006; 113:729–732)
Desenho do estudo: Os autores analisaram os partos de 4,021 mulheres que tinham uma cesariana anterior prévia e os 9 casos de ruptura uterina completa que sucederam no parto.
Conclusão: A prova de parto em mulheres com una cesariana anterior transversal inferior associa-se a uma alta taxa de partos vaginais (78%) e a uma baixa taxa de ruptura uterina (0,22%).

10 - Variações geográficas no uso adequado do parto por cesariana (Geographic Variation in the Appropriate Use of Cesarean Delivery Baicker, et al., Health Affairs 25 (2006): w355–w367; August 2006). Desenho do estudo: Os autores examinaram se o aumento do uso de cesarianas reflecte o uso médico inadequado desta cirurgia.
Conclusão: Os autores verificaram que as taxas de cesarianas variavam amplamente e que as altas taxas de cesarianas só eram parcialmente devidas a necessidade médica e foram muito influenciadas por factores não médicos como o medo de possíveis processos em tribunal. As altas taxas de cesarianas correlacionam-se com um deterimento do valor médico para os pacientes e não significam uma melhoria absoluta da saúde das mães e bebés.

11 - Perfis de risco materno e taxa de cesarianas primarias nos Estados Unidos. (Maternal Risk Profiles and the Primary Cesarean Rate in the United States, 1991-2002. Declerq, et al., American Journal of Public Health; May 2006)
Desenho do estudo: Os investigadores examinaram os factores de risco médico das mães e compararam-nos com as taxas de cesarianas.
Conclusão: A crescente taxa de cesarianas não é devida a um aumento dos factores de risco das mães.

12. Fisiologia do liquido fetal pulmonar: limpeza e efeito do parto. (Physiology of Fetal Lung Fluid: Clearance and the Effect of Labor - Jain, et al., Seminars in Perinatology 2006)
Desenho do estudo: Este trabalho examina de que forma o trabalho de parto ou a ausência do mesmo pode afectar a capacidade do bebé de respirar após o parto.
Conclusão: O trabalho de parto e o parto vaginal preparam os pulmões do bebé para a respiração. Inclusive para os bebés maduros, nascer por cesariana priva o bebé de importantes mudanças hormonais que ocorrem antes e durante o parto, e aumentam o risco de dificuldades respiratórias e de morte para o bebé.

13 - Factores que influenciam a composição microbiótica intestinal na primeira infância (Factors Influencing the Composition of the Intestinal Microbiota in Early Infancy.Penders, et al., Pediatrics, Volume 118, Number 2, August 2006).
Desenho do estudo: Os investigadores examinaram a quantidade de bactérias sãs e patológicas nos intestinos do recém nascido conforme o tipo de parto.
Conclusão: As bactérias no intestino afectam a saúde total e o sistema imunitário dos bebés. Os bebés nascidos por cesariana tinham contagens maiores de bactérias patogénicas e menor número de bactérias benéficas, e os bebés nascidos por via vaginal e em casa tinham contagens mais altas de bactérias sãs e contagens menores em relação às bactérias patogénicas.

14 - Cinco anos após o estudo de pélvicos a termo: A subida e a queda dum estudo controlado seleccionado randomizado. (Five years to the term breech trial: The rise and fall of a randomized controlled trial Glezerman, Obstetrics and Gynecology; Volume 194; Page 20; January 2006).
Desenho do estudo: O autor examina a metodologia do bem conhecido ensaio de nádegas a termo de Hannah e cita as inconsistências.
Conclusão: A maioria dos casos de morte e de morbidade neonatal no ensaio de nádegas a termo não se podem atribuir ao modo de parto. Por outra parte, a análise do resultado depois de 2 anos não demonstrou nenhuma diferença entre os partos vaginais e abdominais dos bebés de nádegas. O autor conclui que a "sabedoria convencional" de cesariana para os partos de nádegas deve ser retirada.

15 - O parto vaginal continua a ser uma opção nos partos de nádegas a termo? Resultado dum estudo de observação prospectivo na França e Bélgica. (Is planned vaginal delivery for breech presentation at term still an option? Results of an observational prospective survey in France and Belgium Goffinet, et al.,Obstetrics and Gynecology Volume 194, Issue 4 , April 2006, Pages 1002-1011).
Desenho do estudo: Os investigadores compararam resultados entre as cesarianas programadas e os partos vaginais de nádegas planeados em 8.105 mulheres na França e Bélgica.
Conclusão: Das que planearam um parto vaginal, 71% tiveram êxito e não houve diferenças significativas nos resultados entre os partos vaginais e as cesarianas.
Fonte: ICAN - International Cesarean Awareness Network ( www.ican-online.org )

Comunicado da HumPar sobre o direito de escolha da via de Parto

Comunicado da HumPar em relação ao parecer nº P/12/APB/08 sobre O DIREITO DE ESCOLHA DA VIA DE PARTO, emitido pela Associação Portuguesa de Bioética.

????? Ministra da Saúde não aceita que sejam as grávidas a decidir a forma como dão á Luz???????

Para aceder ao parecer na íntegra, pode ser visitado a página web da APB em:

http://www.apbioetica.org/fotos/gca/1206955463p_12_apb_08_cesariana.pdf

Após tomar conhecimento do parecer da Associação Portuguesa de Bioética e das declarações prestadas pelo seu presidente, Sr. Rui Nunes, a HumPar não pode deixar de manifestar o seu mais profundo repúdio pelo conteúdo de ambos.
Sem pretender a HumPar explicar ao Sr. Rui Nunes a extensão da palavra “ética” que entre outras coisas significa o saber escolher entre “o bem” e “o bem” (ou entre "o mal" e o mal"), levando em conta o interesse da maioria da sociedade. Ao contrário da moral, que delimita o que é bom e o que é ruim no comportamento dos indivíduos para uma convivência civilizada, a ética é o indicativo do que é mais justo ou menos injusto diante de possíveis escolhas que afectam terceiros. O bom senso também tem muito a ver com a ética.
Ora bem, neste parecer da APB não parece ter havido a necessária reflexão sobre o assunto e sobre as implicações que a aceitação de um parecer deste teria sobre a sociedade em geral e sobre as futuras mães e bebés do nosso Portugal.
Senão vejamos. Alega o Sr. Rui Nunes, numa das entrevistas concedida a uma rádio nacional, duas grandes razões para sustentar o parecer:
1 – Reforçar a autonomia reprodutiva dos casais.
2 – Reduzir as desigualdades sociais em relação à forma como os pais gostariam que os seus filhos nascessem.
Em relação ao primeiro ponto, entende a HumPar que a autonomia reprodutiva dos casais tem muito mais a ver com a escolha e as possibilidades de se reproduzirem ou não. Assim, entendemos que numa sociedade mais justa o investimento nessa área deve ser feito no sentido de ajudar aqueles casais que por inúmeras razões se vêm impossibilitados de realizar o sonho de terem um filho seja este o primeiro ou não. Para os casais que optam por não terem filhos ou condicionarem o seu número, é do conhecimento geral, a existência de um sem números de alternativas que garantem essa escolha. Assim entendemos que, a escudo de uma maior autonomia reprodutiva, a sociedade não pode passar a mensagem errónea de que a cesariana é uma alternativa inócua para o nascimento dos bebés.
No referente à segunda razão que sustenta o parecer, temos muita dificuldade em perceber como se pretende defender a prática “por escolha da mãe” de uma cirurgia profunda com uma série de contra-indicações mundialmente reconhecidas, a pretexto de que se “os ricos” (ou os pobres que recorrem a um financiamento) podem eventualmente cometer o erro de exigir uma cesariana “absolutamente desnecessária” ao seu médico. Assim teria o pobre igual direito de exigir o mesmo disparate à chegada das urgências de uma qualquer unidade obstétrica portuguesa. Estamos mesmo a ver como seria catastrófico se a moda pegasse e se ao invés dos actuais mais de 30% de cesarianas nas maternidades públicas passássemos a ver taxas de 60% e 70% (ainda muito longe dos mais de 90% praticados em algumas clínicas privadas).
No ponto j) do citado parecer defende a APB o recurso à cesariana para reverter o processo de envelhecimento da sociedade portuguesa. Parece a APB desconhecer que o número de filhos que uma mulher pode ter diminui em proporção inversa ao número de cesarianas às quais for submetida. Ou seja quanto mais cesarianas, menos filhos.
No ponto l) diz ainda a APB que a cesariana é uma “evolução” em relação ao parto vaginal. Inúmeros são os estudos que referem exactamente o contrário. Pelo que a verdadeira evolução passa pelo regresso ao parto fisiológico.
Desafia a HumPar a que a APB explique ao público em geral e meios de comunicação quais são as “vantagens evidentes” a que se refere o ponto o) do mesmo parecer, tanto para a mãe como para a equipa médica.
Se a APB deseja realmente pronunciar-se sobre as desigualdades na saúde pública entre ricos e pobres, a HumPar sugere que emitam um parecer a respeito do direito ao igual acesso à saúde dentária, oftalmológica e à diminuição das listas de espera para cirurgias realmente necessárias. Aliás, modelo seguido por vários países como a Inglaterra onde a saúde dentária e oftalmológica é absolutamente gratuita até aos 16 anos de idade bem como para as famílias de recursos limitados.
Para os menos informados, a HumPar aconselha a leitura cuidada e desafia os meios de comunicação a publicar as conclusões do internacionalmente reconhecido I.C.A.N. - International Cesarean Awareness Network a respeito dos 15 estudos realizados em 2006 que concluem, sem margem para dúvidas, que a cesariana apenas deve ser encarada como um recurso a ser utilizado em caso de emergência e não por conveniência, moda ou simples vontade da mãe ou pais do bebé.

http://www.humpar.org/artigo_cesariana_15estudos.htm

Alega ainda o Sr. Rui Nunes, que aqueles que defendem o mais que seguro aumento de custos no sistema de saúde devido à maior demanda de cesarianas, caso este parecer fosse seguido, devam apresentar um estudo que sustente essa visão! Por favor! Se a APB tem dúvidas sobre um ponto tão evidente, então que encomende o estudo para provar que as cesarianas custariam menos que um parto vaginal.
A HumPar entende que neste momento, o Sistema Público português garante de forma equitativa e justa o direito à realização de uma cesariana como cirurgia de urgência ou cuja realização está altamente recomendada por razões patológicas tanto de ordem física como psicológica, pelo que discorda frontalmente do parecer emitido pela associação Portuguesa de Bioética.
Por último, a HumPar aproveita a oportunidade para se congratular com o bom senso e sentido ético da Ministra da Saúde, Dra. Ana Jorge e do Bastonário da Ordem dos Médicos, Dr. Pedro Nunes.

Ana Cristina Pinto Torres
Presidente da Direcção

Workshop Dança do Ventre !

O que diria se lhe fosse proposto a realização de um workshop de Dança do Ventre para grávidas? Exercícios fluidos que trabalham a zona pélvica e a musculatura que a envolve, ajudando na flexibilidade da área.

A Barrigas&Bebés lança o desafio, como um período de diversão, relaxamento, entrega e partilha!
Sabe-se que os movimentos executados neste tipo de danças promovem a mobilidade da conjuntura óssea pélvica, facilitando a flexibilidade/mobilidade. Em consequência podem surtir efeito na altura do Trabalho de Parto, para além de ser uma actividade lúdica, em que o essencial é a expressão livre e a diversão.


A Dança Oriental, mais conhecida como Dança do Ventre é uma Arte milenar, que tem perdurado através dos tempos. Esta dança tem a função de relaxamento, a função terapêutica e libertadora do stress, estimula positivamente a auto-estima e trabalha o desbloqueamento de tensões psíquicas e físicas, libertando tensões devido ao stress que somos submetidos e que se acumulam em certas zonas, nomeadamente costas (zona lombar), ombros, barriga, pescoço e outras.

O tema do Workshop será Os Véus e a Dança com a sua utilização. Sabe de onde vem a utilização dos véus e a interpretação da dança com a sua utilização ? Uma das interpretações e talvez a mais bela de todas seria a de que esta tivesse sido originada de uma antiga lenda babilônica que dizia que a deusa Ishtar descia ao mundo subterrâneo e permanecia lá por seis meses. A terra morria e nada nascia. Mas quando seu marido Tammuz descia para vê-la, nos outros seis meses do ano, a terra renascia e todos celebravam. Ishtar, ao descer, passava por sete portais e em cada um deles deixava um de seus atributos: saúde, beleza, poder ..., até chegar nua e indefesa como todos os mortais. Para cada portal atravessado pela deusa, a bailarina se despe de um véu. Para cada um, executa-se um movimento diferente, sugerindo um sentimento ou uma expressão variada.


O Workshop será levado a cabo pela professora de danças orientais Ana Raquel Carmona e é uma inovação em Portugal, já que desconhecemos a existência de iniciativas do género especificamente para Mulheres Grávidas.
Venha experimentar e divertir-se ao mesmo tempo que exercita o seu corpo e descontrai a sua mente.
O valor da inscrição neste Workshop é de €30,00, sendo o mínimo de participantes 4 e o máximo 15, para que se mantenha um ambiente agradável e confortável para todas as participantes.
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