O número de crianças chinesas vítimas do leite contaminado com melamina aumentou para cerca de 53 mil, das quais 13 mil permanecem hospitalizadas e 104 em estado grave, anunciou o Ministério da Saúde chinês.
Oito em cada 10 crianças vítimas do leite adulterado, escândalo que surgiu há cerca de 10 dias, têm menos de dois anos.
No estrangeiro, vários países asiáticos e africanos suspenderam as importações de leite chinês, de todos os produtos lácteos, ou que possam conter leite.
Neste grupo de países conta-se Bangladesh, Birmânia (Myanmar), Brunei, Burundi, Gabão, Japão e Tanzânia.
Alguns fabricantes ordenaram a retirada de alimentos, como a empresa japonesa Marudai Food, que retirou milhares de pequenos pães industriais fabricados com leite fornecido pela companhia Yili, uma das empresas chinesas envolvidas no escândalo.
A melamina, composto químico com alto teor de nitrogénio, que causa problemas urinários, incluindo cálculo renal, e que foi adicionada ao leite para enganar os detectores de proteínas nos controlos de qualidade, já foi detectada numa vasta gama de produtos.
Domingo à noite, as autoridades de Singapura anunciaram ter encontrado potencial veneno em bombons, de uma conhecida marca chinesa ("Coelho Branco").
Singapura tinha suspendido na sexta-feira a importação e venda de produtos lácteos vindos da China depois de ter detectado melamina em leite, iogurtes, gelados, bolachas e chocolates.
A necessidade da humanização do parto* Marsden Wagner**
"Humanizing birth means understanding that the woman giving birth is a human being, not a machine and not just a container for making babies." Marsden Wagner
Apresentar as mulheres – que constituem metade da população mundial – como inferiores e inadequadas, tirando seu poder de dar à luz, é uma tragédia para toda a sociedade. Por outro lado, respeitar as mulheres como seres humanos importantes e de valor e assegurar-se que a experiência feminina do parto seja gratificante e empoderadora não é simplesmente um simpático detalhe a mais, como é absolutamente essencial porque torna a mulher mais forte e desta forma cria uma sociedade mais forte.
Parto humanizado significa colocar a mulher que está dando à luz no centro e no controle de forma que ela, e não os médicos ou qualquer outra pessoa, tome todas as decisões a respeito do que está acontecendo. Parto humanizado significa compreender que o foco do atendimento materno são as necessidades básicas e primárias da comunidade, e não os cuidados terceirizados do hospital, com enfermeiras e médicos trabalhando juntos em harmonia, como iguais. Parto humanizado significa cuidados maternos baseados na boa ciência, incluindo o uso de drogas e tecnologia com base nas evidências científicas.
Entretanto não temos atendimento humanizado na maioria das maternidades hoje. Por que?
Porque peixes não vêem a água na qual estão nadando. Os profissionais do parto não têm a menor idéia de como é um parto sem intervenções, um parto que não seja desumanizado. A inteira literatura moderna em obstetrícia e neonatologia é essencialmente baseada em observações de partos medicalizados.
Por que o parto medicalizado é necessariamente desumano? No parto medicalizado é o médico quem está no controle da situação, e não a mulher. Os pacientes nunca têm efetivamente controle num hospital. Entregar as escolhas às mulheres não quer dizer que os médicos não tenham nenhum controle, já que eles devem decidir quais são as escolhas elas têm à disposição.
O trabalho de parto e parto são funções do sistema nervoso autônomo e estão portanto fora do controle da consciência. Conseqüentemente existem duas abordagens no atendimento ao parto: trabalhar com a mulher para facilitar suas próprias respostas autônomas; violentar a biologia e impor o controle externo usando intervenções como drogas e procedimentos cirúrgicos – este é o parto medicalizado.
Hoje em dia há três tipos de cuidados maternos: os altamente medicalizados, high tech, centrados no médico, sendo as enfermeiras obstetras marginalizadas, como nos EUA, Irlanda, Rússia, Republica Tcheca, França, Bélgica e Brasil urbano; existe a abordagem humanizada com a presença forte e mais autônoma das enfermeiras, como na Holanda, Nova Zelândia e nos países escandinavos; enfim, uma mistura dos dois modelos como se encontra na Grã Bretanha, Canadá, Alemanha, Japão e Austrália. Nos países em via de desenvolvimento se encontra geralmente o modelo altamente medicalizado nas cidades enquanto que nas áreas rurais permanece o modelo humanizado. Nesses países é reforçada a idéia de que a única razão para a existência de partos não hospitalares atendidos por enfermeiras obstetras é a ausência de estruturas que permitam a implantação do modelo medicalizado.
Entretanto, nós estamos violentando a natureza às nossas custas. Por exemplo, se paramos de usar nossos corpos, eles decaem. É moderno pegar o carro ao invés de fazer uma caminhada. Daí a ciência descobre que essa atitude causa problemas cardiovasculares e que, portanto, precisamos fazer exercício. A idéia pós-moderna é a de voltar a andar e fazer jogging, o que é visto como progresso e não regresso. Da mesma forma os serviços maternos humanizados não são um retrocesso, mas um progresso pós-moderno.
Todas as mudanças na condição humana trazem conseqüências, algumas negativas outras positivas. A cesárea às vezes salva vidas às vezes mata: a mortalidade materna nas cesáreas (incluindo as eletivas) é 2.84 ou quase três vezes maior do que em partos vaginais. Os obstetras aclamam a medicalização high tech do parto como um progresso, mas as evidências científicas sugerem o contrário. Não houve nenhuma significativa melhora nos países industrializados nos últimos 20 anos nas taxa neonatais de paralisia cerebral e bebês de baixo peso. A tentativa dos países altamente industrializados de mostrarem taxas de baixa mortalidade perinatal com intervenções invasivas no atendimento obstétrico faliu.
Um número de estudos tem falhado em detectar qualquer relação entre as taxas de mortalidade perinatal e os índices de parto cirúrgico. Nos países industrializados estamos vivendo o momento em que os efeitos positivos do desenvolvimento e da tecnologia estão alcançando o máximo e os efeitos negativos estão aparecendo. Isso ajuda a explicar porque os avanços na tecnologia e no desenvolvimento não podem levar a melhorias na saúde, a menos que a tecnologia esteja em harmonia com os processos biológicos naturais e esteja acompanhada por cuidados humanizados. É por isso que agências de desenvolvimento internacional , como o Banco Mundial, sabem que o desenvolvimento econômico não pode levar à melhoria das condições humanas se não for acompanhado pelo desenvolvimento social e educacional.
O maior perigo na questão do parto ocidental medicalizado é sua exportação em larga escala para os países em desenvolvimento. As evidências científicas mostram que dar infusão de IV a uma mulher em trabalho de parto não é necessário, mas esta prática nos países ricos, mesmo sendo um desperdício de dinheiro, não é uma tragédia. Nos pequenos hospitais rurais, a rotina de IV é um trágico desperdício de recursos limitados. Quando os países ocidentais em desenvolvimento adotam as práticas obstétricas sem fundamentação nas evidências científicas, o resultado é outras mulheres morrendo por falta de recursos. Grande parte dos procedimentos adotados não tem adequada confirmação científica.
Muitos médicos não entendem como os dados científicos populacionais se aplicam a seus pacientes individuais, daí a objeção em manter suas taxas de cesáreas nos limites recomendados. A isso corresponde a incapacidade dos médicos sanitaristas em confrontar os obstetras a respeito dos excessos cometidos em suas práticas por medo do poder dos médicos e por lealdade para com a corporação.
O melhor exemplo disso é a respeito do parto domiciliar planejado. Muitos médicos e suas organizações continuam acreditando nos perigosos de parto domiciliar planejado ou mesmo em Casas de Parto, recusando as evidências mais explícitas de que o parto não hospitalar para mulheres de baixo risco é seguro. A primeira falácia é que no parto as coisas podem acontecer rapidamente. De fato, fora algumas exceções, as coisas andam devagar durante o trabalho de parto e parto e as verdadeiras emergências nas quais os segundos são importantes, são extremamente raras e nesses casos, as enfermeiras obstetras em Casas de Parto ou nos domicílios sabem o que fazer.
A segunda falácia sustenta que quando acontecem problemas não tem nada que uma enfermeira possa fazer se estiver fora do hospital. Na verdade, uma enfermeira obstetra treinada, na medida em que se encontra numa relação de cuidados intensiva e individualizada, pode prever problemas e prevenir que aconteçam, enquanto que em hospital as enfermeiras podem dar atenção as parturientes só ocasionalmente. Se algum problema acontecer, a enfermeira obstetra fora do hospital pode fazer tudo o que faria no hospital. Exemplo disso é uma manobra para distócia de ombro na literatura médica que tem o nome da parteira que primeiro a descreveu (Gaskin).
A terceira falácia diz que no hospital é possível tomar providências com mais rapidez. Acontece que mesmo em hospitais, quando se pede uma cesárea, são necessários pelo menos 30 minutos para que o médico chegue e o centro cirúrgico seja preparado. Esses 30 minutos podem ser usados pela enfermeira obstetra para levar a parturiente ao hospital.
Concluindo, não há razões para citar casos individuais e anedóticos a respeito de ‘e se....’ que os médicos usam para assustar as mulheres e a opinião pública no intento de convencer os políticos de que sua maneira de entender o parto é a correta. Recentemente há um movimento desejável na direção de estabelecer práticas obstétricas pautadas em evidências científicas, mas ainda hoje muitos obstetras não estão familiarizados com as evidências e nem com os meios para obtê-las. Alguns obstetras tendem a se enganar a respeito da fé na tecnologia e no mantra: tecnologia = progresso = moderno. O outro lado da moeda é a perda de confiança na natureza, assim expressa por um médico canadense: “A natureza é um obstetra ruim.”
Com o intuito de conquistar a natureza, o século XX, assistiu a uma série de fracassos na tentativa de melhorar a evolução biológica e social. Os médicos substituíram as parteiras em nascimentos de baixo risco e a ciência provou que as parteiras são mais seguras. O hospital substituiu as casas como local de nascimento para parto de baixo risco e a ciência mostrou que o domicílio é tão seguro quanto o hospital e com muito menos intervenções. A equipe hospitalar substituiu a família no suporte dado à parturiente, e a ciência provou que o parto é mais seguro com a família. A posição horizontal substituiu o parto vertical e a ciência provou que a posição vertical é mais segura. O exame ao recém-nascido longe da mãe nos primeiros vinte minutos de vida substituiu a relação mãe-filho, e a ciência provou a importância da realização do vínculo mãe-bebê nesses primeiros momentos de vida. O leite feito pelos homens substituiu o leite das mulheres e a ciência provou que o aleitamento materno é superior. O berçário substituiu a mãe, a ciência provou que o alojamento conjunto é melhor.
A quintessência da medicalização e desumanização do parto é a cesárea desnecessária, na qual o cirurgião está no comando e a mulher não tem nenhum controle. As mulheres e seus filhos estão pagando um alto preço pela promoção que alguns médicos fazem da cesárea. Os dados científicos a respeito da mortalidade materna associada à cesárea sugerem que a elevada taxa de mortalidade materna nos EUA e no Brasil, pode ser, pelo menos em parte, devida à sua alta taxa de cesárea. Ambos os países deveriam fazer uma cuidadosa auditoria de todos os óbitos maternos associados com altas taxas de cesárea.
Por que tantas cesáreas? Quando os cuidados maternos estão sob o controle dos médicos a as enfermeiras obstetras são marginalizadas ou ausentes, é encontrada uma alta taxa de cesáreas. O fato é que ter um cirurgião ginecológico altamente treinado para atender um parto normal é o mesmo que ter um cirurgião pediátrico como babá de um criança normal de 2 anos de idade. As taxas de cesárea são o sintoma da falha na humanização do parto. E se uma mulher recebe uma cesárea simplesmente porque ela prefere, isso significa que haverá menos recursos humanos e financeiros para o resto do sistema de saúde. As mulheres no Brasil estão também pagando outro preço: num país com amplas regiões carentes, é um desperdício perigoso e um luxo insensato as altas taxas de cesáreas de seus centros urbanos.
À luz de tudo isso, o Comitê para os Aspectos Éticos da Reprodução Humana e da Saúde das Mulheres – o FIGO (uma organização internacional que reúne as organizações obstétricas nacionais) – estabeleceu em 1999 que fazer cesáreas por motivos não-médicos é eticamente injustificável.
A humanização do parto tem a potencialidade de combinar as vantagens da medicalização ocidental com as vantagens de redirecionar os cuidados para honrar a natureza biológica, social, cultural e espiritual do nascimento humano. Há diversas estratégias para a humanização do parto, estratégias que colocarão as mulheres e suas famílias de volta no controle do nascimento de suas crianças enquanto dará poder a mulher para acreditar em si mesma tendo experiência daquilo que seu corpo é capaz de fazer.
A primeira estratégia é a educação. Quem controla a informação detém o poder. As transformações nos sistemas de informação estão revolucionando profundamente o sistema de saúde. O advento da internet e das conexões globais está tendo um intenso efeito no sentido de levar as informações a qualquer pessoa. Todos devem poder ver a água na qual médicos e hospitais estão nadando e ver que às vezes há tubarões que podem não comer médicos, mas comem algumas mulheres e bebês.
A necessidade de ampliar o horizonte dos médicos a respeito dos cuidados maternos não é um problema novo. Num livro médico do ano de 1668 se lê: ‘Médicos que nunca assistiram a um parto domiciliar e mesmo assim sentem-se competentes para falar contra, se parecem com aqueles geógrafos que nos dão descrições de muitos países que eles nunca viram.’
Precisamos pedir aos médicos que olhem para as águas nas quais os cuidados maternos humanizados acontecem a fim de poder obter um padrão fisiológico de referência para suas experiências. Num programa de treinamento obstétrico nas Filipinas, por exemplo, todo médico deve atender um número mínimo de partos domiciliares planejados. Todo programa de treinamento obstétrico deveria exigir visitas guiadas às Casas de Partos e a partos planejados fora do hospital. Enfermeiras obstetras necessitam da mesma experiência.
A educação das mulheres, especialmente daquelas grávidas, é de fundamental importância, mas aqui o problema é: o que é dito a elas. Em alguns lugares, os programas de pré-natal são controlados por alguns poucos obstetras que insistem em dar somente informações que lhes são convenientes. Diante das pesquisas mais recentes, para que os médicos tenham sucesso em promover a cesárea eletiva, é preciso que seu leque de informações seja extremamente limitado e selecionado. É altamente improvável que as mulheres escolham uma cesárea se recebessem todas as informações baseadas em evidências a respeito dos riscos inerentes para elas e seus filhos. O conceito ético-chave aqui não é o direito de escolher um procedimento cirúrgico sem necessidade médica, e sim o direito de receber e poder discutir amplamente e sem preconceitos todo e qualquer procedimento cirúrgico.
A segunda estratégia para a humanização do parto é a promoção de práticas obstétricas baseadas em evidências. Registramos o fracasso das tentativas feitas por revistas especializadas e pelas decisões da saúde pública que, em muitos lugares, tentaram preencher a distância que separa a realidade da prática obstétrica das evidências científicas. São poucos os médicos efetivamente preocupados com a situação.
Outra estratégia essencial para a humanização do parto é: quem é o profissional responsável dos cuidados básicos para as mulheres em trabalho de parto e parto. A insistência dos médicos em querer controlar sua própria prática com pouca ou nenhuma interferência da comunidade é uma tradição que remonta há muito tempo. Na medida em que os médicos controlarem o parto, as mulheres não estarão no controle e a humanização do nascimento não irá acontecer. As mulheres continuarão desempoderadas e persistirá o desperdício de recursos profissionais e financeiros.
Ao contrário, as parteiras têm uma longa tradição de atendimento ao parto colocando a mulher no centro e no controle, enquanto oferecem um tipo de suporte que irá empoderar a elas e a suas famílias. Por isso, é de extrema importância, segundo Wagner, que os cuidados maternos básicos sejam providenciados pelas parteiras. Em países como a Nova Zelândia, a Holanda e os países escandinavos mais de 80% das mulheres vêem somente a parteira durante a gestação e o parto (dentro ou fora do hospital). Nesses países registra-se também o menor índice de mortalidade materno-infantil.
Pesquisas de relevo têm apresentado mais quatro vantagens para promover parteiras autônomas. A primeira é que não há mais dúvida alguma de que elas são as mais seguras assistentes para partos de baixo risco. Após rever a extensa literatura baseada em evidências a respeito da segurança oferecida pelas parteiras, um recente artigo numa revista obstétrica conclui: “A procura da literatura científica falhou na tentativa de descobrir um único estudo demonstrando resultados mais negativos com parteiras do que com médicos para mulheres de baixo-risco – as evidências mostram que os cuidados praticados por parteiras são tão seguros ou mais seguros do que aqueles praticados por médicos.”
A segunda vantagem das parteiras sobre os médicos é uma redução drástica de intervenções invasivas desnecessárias. As evidências científicas mostram que comparadas aos médicos, as parteiras fazem significativamente menos amniotomia (ruptura da bolsa amniótica), menos soro, menos indução, menos monitor fetal rotineiro, menos anestesia, menos episiotomia, etc.
A terceira vantagem está relacionada aos baixos custos. Apesar das variações de país em país, geralmente os preços das parteiras são inferiores aos dos médicos. E, naturalmente, à reduzida intervenção corresponde uma grande economia de custos. Outra vantagem com a assistência das parteiras, freqüentemente desprezada pelos advogados do parto medicalizado, é a satisfação das gestantes e das parturientes.
Mais uma importante estratégia rumo à humanização do atendimento ao parto é sair do território dos médicos, o hospital, para dar à luz fora dele. Sempre houve e sempre haverá mulheres que preferem partos domiciliares planejados, mas com a maciça propaganda a respeito de quanto o parto é perigoso e de quanto o hospital é seguro, muitas mulheres caíram na falácia de que o parto domiciliar é perigoso. Numerosas pesquisas e meta-análises demonstraram a segurança do parto domiciliar planejado. A verdadeira questão então, não é esta, mas a liberdade e a santidade da família. Para mais de 80% das mulheres que não teve problemas médicos durante a gestação, o parto domiciliar planejado é perfeitamente seguro.
Todo médico, hospital ou organização médica que desencoraja mulheres de baixo risco a escolher partos domiciliares está negando direitos humanos básicos, sonegando informações não preconceituosas e limitando a liberdade das mulheres para escolher seus locais de parto. O nascimento de uma criança é um dos mais importantes acontecimentos na vida de uma família e, quando uma família escolhe um parto domiciliar, sua santidade deve ser honrada.
Hoje em dia uma das possibilidades que as mulheres têm para serem atendida por uma parteira e poder fazer uma experiência empoderadora do parto, é escolher um ‘Centro de Parto Alternativo’ ou Casa de Parto.
A primeira característica da Casa de Parto é estar livre de ingerências do hospital. Aqui a mulher está no controle e o tipo de cuidado que recebe é bastante diferente daquele oferecido no hospital. No hospital a ênfase cai na execução das rotinas, aqui é na individualidade e livre escolha da mulher. Os protocolos de uma Casa de Parto estão pautados na normalidade e não na patologia e a dor é entendida como uma função fisiológica normal que pode ser aliviada com métodos não-farmacológicos amplamente embasados nas evidências.
As Casas de Parto são seguras para mulheres de baixo risco? Esta é a pergunta chave na luta entre o modelo medicalizado e o humanizado de atendimento ao parto. As Casas de Parto representam uma grande ameaça para hospitais, para os médicos e para a inteira indústria de tecnologia obstétrica. Por ser o parto medicalizado extremamente caro, com internações pagas, obstetras altamente remunerados que usam tecnologia invasiva e cara, médicos e hospitais devem convencer o público e aqueles que controlam os fundos do sistema de saúde público de que seu modo é o único jeito seguro de atender partos. Assim, as Casas de Parto são classificadas como inseguras. Falando em segurança, o US National Birth Center Study não apresenta nenhum caso de mortalidade materna e um índice de mortalidade neonatal e intra-partum de 1.3 por 1000 nascidos vivos, uma taxa comparável com as taxas de partos hospitalares de baixo risco.
Para complementar esses estudos, há dados ulteriores a respeito da satisfação das mulheres: após um parto em Casa de Parto mais de 99% das mulheres disse que recomendaria a Casa de Parto para as amigas, e 94% disse que voltariam caso tivesse um segundo filho. 63% das mulheres que tiveram o parto em Casas de Parto tiveram um aumento de sua auto-estima, enquanto que somente 18% que deram à luz em hospitais tem um aumento de auto-estima.
Estudos nos EUA, na Dinamarca e na Suécia mostram que há também um significativo aumento da amamentação em mulheres que pariram nas Casas de Parto. 99% dos partos em Casa de Parto são vaginais, menos de 4% recebem indução e/ou ruptura artificial das membranas. Comparando todos os dados a respeito dos procedimentos das Casas de Parto e daqueles dos hospitais, devemos nos perguntar não se elas são seguras, mas se dar à luz num hospital é seguro.
Outra estratégia para a humanização do parto é integrar os profissionais que atendem em hospitais com os que atendem fora dos mesmos. Dados de lugares como a Austrália mostram que quando as parteiras que atendem partos domiciliares e os médicos dos hospitais colaboram, poucos bebês morrem e todos aprendem com todos.
O parto é político. Uma estratégia fundamental para a humanização é a de ser politicamente ativos. Os políticos e as agências de governo tomam decisões cruciais. Os advogados da humanização devem alertar os políticos a respeito das táticas amedrontadoras dos elementos reacionários dos estabelecimentos médicos e de enfermagem que levantam a questão da segurança sem embasamento científico.
Outro argumento assustador de alguns obstetras é dizer que os partos fora do hospital transportados para o hospital são sempre casos muito graves. A resposta é: naturalmente! Uma parteira competente irá transportar para o hospital somente aqueles casos que apresentam sérios riscos e que requerem intervenção cirúrgica. Assim, para os obstetras que nunca atenderam partos domiciliares (em muitos lugares praticamente todos) estes casos são sua única experiência de partos fora do hospital, assim concluem erroneamente que esses casos são representativos. É por isso que é preciso que atendimentos de partos domiciliares sejam parte do treinamento dos obstetras.
As táticas assustadoras são motivadas pela necessidade de alguns médicos de proteger os cuidados maternos como seu território. Freqüentemente eles confundem os políticos com um linguajar técnico incompreensível que implica que somente os médicos podem entender da coisa e querem induzir os ouvintes a confiarem cegamente neles.
A solução final consiste em envolver novas formas políticas e sociais para o atendimento obstétrico e os cuidados maternos. Há alguns médicos se esforçando para encontrar novas maneiras de exercer sua profissão. A tendência é respeitar e trabalhar com a natureza. Tudo a respeito de gravidez e parto é altamente cultural. O controle local leva ao empoderamento das mulheres que, por sua vez, reforça a família e a sociedade.
As pessoas têm nadado no mar primordial fisiológico, social e cultural por um longo, longo tempo. Podem ver a água, sabem onde estão os tubarões e são capazes de encontrar eventualmente seu caminho para a reivindicação da humanização do parto.
* Resumo e tradução por Adriana Tanese Nogueira - Amigas do Parto.org - Brasil Texto original em: Marsden Wagner. “Fish can’t see the water: the need to humanize birth”. In INTERNATIONA JOURNAL OF GYNECOLOGY & OBSTETRICS. International Conference on Humanization of Childbirth. 2-4 November 2000, Fortaleza, Brazil.
** Marsden Wagner é pediatra americano, foi diretor na OMS.
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De Braga a Almada, são 8 as lojas nas quais 2 vezes por mês estaremos a informar, a promover o debate, a ajudar a tirar algumas dúvidas e a incentivar o convívio numa fase comum a todos - a entrada no mundo da parentalidade!
Eu estarei na loja de Cascais, inscrevam-se é ´grátis!
20 Setembro (19.00 - 20.00)
Enxoval e cuidados genéricos com o bebé Recém-nascido.
"PREFIRA FÓRMULAS SIMPLES A composição deste tipo de produtos deve ser o mais simples possível. Quanto mais complexa for a fórmula, maior é o risco de o produto conter substâncias que podem ser tóxicas ou susceptíveis de provocar alergias ao bebé. Alguns produtos, como é o caso da pomada HALIBUT, e dos cremes ERYPLAST e ZELDERME, contêm vitamina A ou óleo de fígado de peixe (rico nesta vitamina). Ora, a Vitamina A, além de não ter um efeito notório no tratamento do eritrema (vulgo "assadura"), quando utilizada de forma contínua pode provocar uma concentração excessiva no organismo do bebé, podendo ser tóxica, sobretudo no caso de bebés com menos de um mês e eritrema declarado. Por isso, deve evitar-se a utilização contínua de produtos que contenham esta vitamina. Os cremes que incluem anti-sépticos (como é o caso do ERYPLAST, do ZELDERME, do BALMEX e do LAURODERME) também não são aconselháveis. O ácido salícílico, presente na pasta LAURODERME, é outra das substâncias que exige uma atenção especial, pela sua toxicidade reconhecida e por ser facilmente absorvido pela pele. Outros produtos, como por exemplo, o Benjoim do Sião (presente no MITOSYL) são susceptíveis de provocar alergias, pelo que também devem ser evitados. Todos os produtos em cuja composição entrem anti-sépticos, vitamina A e substâncias alergizantes, sejam ou não medicamentos, devem advertir os pais para as possíveis contra-indicações, o que nem sempre acontece."
O parto tem e terá sempre dor, mas é uma dor que quem a experimentou, de uma forma desmedicalizada, de uma forma natural, a esquece logo após o nascimento. É totalmente suportável pois os picos de dor alternam com pausas de ausência da dor. Por isso antes de escolher um curso de preparação para o parto informe-se!
O parto é algo fisiológico, a preparação para o parto devia de focar as mulheres para a sua participação activa no parto, "empoderando-as", lembrando-as que são elas as actrizes principais daquele momento tão especial das suas vidas, lembrando-as da sua capacidade inata para parir! E não focarem a preparação para o parto na respiração!!!!
Será isto possível nos hospitais portugueses? Eu penso que sim! Quanto mais mulheres se consciencializarem dos benefícios de um parto natural, e dos riscos de um parto medicalizado, mais mulheres vão exigir ao hospital as condições recomendadas para um parto normal. Por isso o plano de parto é tão importante e devia de ser falado nos cursos de preparação para o parto! Desconfie se não lhe explicarem como se faz um plano de parto no seu curso de preparação para o parto! Todos os protocolos hospitalares devem ser bem explicados, tanto pelo seu medico, como no seu curso de preparação para o parto.
Segundo ESTE estudo concluiu-se que a participação de mulheres em aulas de preparação para o parto parece não ter tido grande impacto na experiência de parto e na maternidade em si, permitindo no entanto aumentar a rede de contactos dos novos pais. Foram consideradas 1197 mulheres suíças. Os resultados foram que 74% das inquiridas declararam que o curso que frequentaram ajudou na preparação para o parto, e 40% para a maternidade, 58% das participantes mantinham contacto com outras participantes um ano após o parto. Ao controlar as mulheres que participaram e as que não participaram em cursos de preparação para o parto, não se encontram diferenças estatisticamente significativas no que diz respeito à memória de dor no trabalho de parto, na forma de parto, a experiência em si de uma forma global, na duração da amamentação, nem na postura face à maternidade. Contudo as mulheres que participaram nos cursos tiveram uma taxa superior de epídural.
Escolha bem o seu curso de preparação para o parto pois este não devia de servir só para "ensinar a respirar" ou focar-se na higiene do bebé!
Antes de escolher o local onde vai ter o seu bebé, informe-se sobre os protocolos aplicados no hospital, veja se estão de acordo com os seus desejos. Seguem dois exemplos de praticas hospitalares de uma maternidade portuguesa, que não segue, como podemos ver, as recomendações da OMS
Assim nesta maternidade:
• Há indicação médica para infusão de soro endovenoso na fase activa do trabalho de parto - segunda a OMS a Infusão intravenosa rotineira em trabalho de parto e a Inserção profilática rotineira de cânula intravenosa, são condutas claramente prejudiciais ou ineficazes e que deveriam ser eliminadas
• A monitorização fetal externa é feita a todas as parturientes, sendo contínua a partir da fase activa do trabalho de parto, segundo a OMS a monitorização fetal deve de ser feita com auscultação intermitente
Informe-se! trata-se simplesmente do dia mais marcante da vida do seu bebé! Mesmo que escolha um parto domiciliar converse com a Parteira sobre aquilo que quer e o que não quer no seu parto, um plano de parto nestes casos também faz sentido.
Ser mãe a tempo inteiro é uma profissão que muitas mulheres gostariam de seguir. Mas está longe de atingir o devido reconhecimento
Um antigo provérbio judaico diz: «Deus não podia estar em toda a parte, e por isso Ele criou as mães», expressando a razão do serviço altruísta prestado por muitas mulheres. Existem diversos factores que nos levam a crer que ainda falta muito para as mães receberem a recompensa merecida pela sua dedicação. No entanto, parece começar a existirem alguns sinais animadores.Nos Estados Unidos, a maternidade é tão americana como a tarte de maçã. Nenhuma instituição é mais sagrada, nenhuma figura é tão enaltecida. A generosidade materna dotou as mães de uma autoridade moral única, que no passado foi muitas vezes utilizada para promover a temperança, a saúde materna e da criança, os jardins infantis e até mesmo um sistema de justiça juvenil mais brando. É certo que a consciência da importância do trabalho das mães está a aumentar.
Em 1996, o fundador da Microsoft, Bill Gates, e o vice-presidente executivo Steve Ballmer doaram à Universidade de Harvard um espaço no valor de 29 milhões de dólares. O novo edifício foi baptizado de «Maxwell Dworkin», os nomes de solteira das suas progenitoras. Provavelmente naquele que foi o primeiro reconhecimento público do papel das mães. Desprezo e prejuízoNa economia moderna, dois terços da riqueza são fruto das experiências, criatividade e espírito empreendedor do ser humano — aquilo que é habitualmente designado de «capital humano». O que significa que os pais que educam os filhos de forma consciente e eficaz são literalmente, nas palavras da economista Shirley Burggraf, «os maiores produtores de riqueza económica».Mas esta verdadeira contribuição material não é vista como tal. Toda a adulação à maternidade ainda «flutua no ar». No chão, onde vivem as mães, a falta de respeito e de reconhecimento ainda fazem parte da experiência de qualquer mãe. O trabalho que requer a construção de um lar para uma criança e o desenvolvimento das suas capacidades é muitas vezes equiparado a «fazer nada». Daí a desdenhosa questão constantemente levantada sobre as mães que estão em casa: «O que é que elas fazem o dia inteiro?», chegando ao ponto de até os próprios filhos absorverem a mensagem cultural de que as mães não têm grande peso na sociedade.A ocupação de mãe não só é «invisível» como também se pode tornar uma desvantagem.
Educar uma criança é o trabalho mais importante do mundo, mas é impossível utilizá-lo com o intuito de enriquecer um currículo.A ideia de que o tempo gasto com uma criança é tempo perdido está inerente ao pensamento económico tradicional. Mesmo que não estejam formalmente empregadas, as pessoas podem criar capital humano. No entanto, são acusadas de sofrerem uma deterioração da «matéria-prima». Os talentos exigidos para realizar o árduo trabalho de construir, a longo prazo, o carácter humano e inculcar nas crianças a capacidade e o desejo de aprender não têm qualquer espaço nos cálculos económicos. A teoria económica não tem nada a dizer sobre a aquisição de experiências por parte daqueles que trabalham com crianças. Ou seja, não são ninguém!
A desvalorização do trabalho das mães atravessa virtualmente todas as grandes instituições. Além de não recompensada, a prestação de cuidados aos filhos é, na maioria das vezes, penalizada. O que não falta são histórias a prová-lo. Os indivíduos que assumem o papel de educadores são punidos e desencorajados de realizarem as tarefas que todo o mundo concorda serem essenciais. Discutimos constantemente a importância da família; porém, o trabalho que se tem a construir uma é totalmente menosprezado. Esta contradição pode ser encontrada em qualquer canto da nossa sociedade e das mais variadas formas. Veja os postos de trabalho inflexíveis que «obrigam» muitas mulheres a desistir dos seus empregos, ou a diminuir as horas de trabalho, assim que se tornam mães. O resultado é uma diferença significativa entre os salários das mães e das mulheres que não têm filhos, maior que a existente entre os ordenados de homens e mulheres. Por outro lado, o casamento ainda não é uma «sociedade» uniforme do ponto de vista financeiro. Uma mãe casada é uma «dependente» e a uma mãe divorciada é «dado» aquilo que o juiz decide que ela e a criança «necessitam» para viver dos rendimentos do pai. Como resultado, a mulher que se dedica exclusivamente à educação dos filhos e as próprias crianças ficam sempre numa posição financeira pior após o divórcio, o que não acontece com as mulheres que concentram todas as energias na sua carreira.
Também as políticas sociais não entendem os cuidados prestados à família como trabalho. Assim, alguém que se dedique em exclusivo a cuidar da família não é considerado um cidadão produtivo, e, como tal, não detém qualquer direito aos programas de segurança social. As amas recebem da segurança social, mas as mães que ficam em casa a cuidar dos seus filhos não.Tudo razões que justificam o facto de a maternidade ser ainda o maior factor de risco para a pobreza na terceira idade.Esta atitude depreciativa perante o trabalho materno estende-se a todos os que desempenham algo similar como profissão. Até as educadoras de infância formadas são muitas vezes designadas de «baby-sitters», recebendo salários inferiores aos de outros profissionais com o mesmo grau académico.O efeito destas políticas é uma das maiores desvantagens financeiras para qualquer pessoa que opte por dedicar a sua vida a cuidar de crianças.
Com o início do século XXI, as mulheres podem estar a aproximar-se da igualdade, mas as mães ainda estão muito para trás. Mudar o estatuto das mães, através da obtenção do reconhecimento real do seu trabalho, é o grande passo a dar pelo movimento feminino.Reavaliar a maternidade não vai ser nada fácil. Até as feministas se mostram muitas vezes relutantes em admitir que a vida de muitas mulheres se centra prioritariamente nos seus filhos, temendo que isto as possa levar novamente à subordinação doméstica. Daí não apostarem na valorização do trabalho das mães que se dedicam exclusivamente ao lar. Lutam por uma maior participação dos pais, mas até agora com poucos resultados. É óbvio que cuidar dos próprios filhos não é um trabalho que se faça com o intuito de receber qualquer remuneração. No entanto, não significa que uma pessoa deva ser penalizada por isso. Só pelo facto de ser uma tarefa altruísta não quer dizer que não seja difícil; é uma obrigação que consome tempo e que é atribuída a um dos sexos... o feminino, é claro. Balzac chegou a escrever: «O amor maternal torna todas as mulheres escravas.»Num mundo verdadeiramente diverso, as pessoas que se dedicam exclusivamente à educação dos filhos deveriam estar bem representadas em posições de poder. Todas as instituições deveriam questionar-se sobre se têm nos escalões mais elevados suficientes mães. E a educação directa dos filhos deveria ser vista como uma referência, em vez de ser encarada como uma desvantagem.
De vez em quando alguém lembra-se de calcular aquilo que uma família deveria pagar pelos serviços de uma mãe. Num desses exercícios, o trabalho de uma mãe foi avaliado em cerca de 120 000 contos anuais apenas em salários, sem contar com reforma, saúde e outros benefícios. Esta soma astronómica resulta da adição do salário médio anual de 17 ocupações que é suposto uma mãe desempenhar, de entre as quais educar os filhos, cozinhar, limpar, gerir as finanças da casa e resolver os problemas emocionais da família.Vários estudos recentes revelam que a quantidade de trabalho envolvida no cuidado de crianças — que não é pago — é bastante maior que os economistas pensavam, chegando mesmo a rivalizar com algumas das maiores indústrias da economia mundial.Vale a pena fazer uma analogia com os militares. Tal como as mães, eles prestam um serviço indispensável ao país. O sociedade sente-se em dívida para com eles, e por isso é comum os veteranos de guerra receberem diversas recompensas pelos seus serviços. Assim, não é justo exigir que a educação de um ser humano, o serviço nacional primário prestado pelas mulheres, seja considerado menos valioso. Não é justo forçar as mulheres a serem os filantropos involuntários da sociedade. Não é justo esperar que as mães façam sacrifícios que não são exigidos a nenhuma outra pessoa, ou tenham virtudes que mais ninguém possui. As virtudes e os sacrifícios, quando esperados por parte de um grupo restrito de pessoas, tornam-se a marca de uma classe inferior.Estabelecer um acordo justo para as mães vai muito além dos salários de donas de casa, ou até mesmo dos benefícios dos veteranos. O que é necessário é o reconhecimento global — no trabalho, na família, na lei, na política social — de que alguém tem de realizar o trabalho essencial que se prende com a educação das crianças e o sustento da família, e que a recompensa desse trabalho vital não deverá ser a marginalização profissional, a perda de status ou um maior risco de pobreza.
Este reconhecimento significaria o fim da gritante contradição entre aquilo que dizemos às jovens mulheres — «sai, luta pela tua educação, torna-te independente» — e o que acontece a essas aspirações assim que se tornam mães. Destruiria o anacronismo que atormenta a vida da maioria das mães, que, apesar de trabalharem mais que qualquer pessoa na economia, continuam a ser financeiramente dependentes, como as crianças ou os adultos incapacitados. Criar e educar uma criança em constante mudança não é uma tarefa fácil. Em nada se assemelha ao trabalho doméstico ou a fazer uma lista de compras para o supermercado. É uma tarefa que requer uma extraordinária competência.É provável que as mães e outras pessoas que se dedicam a cuidar dos filhos e de membros da família idosos ou doentes vão continuar a fazê-lo, não se importando com os custos ou consequências que isso terá nas suas vidas. Afinal de contas, o amor maternal é uma das fontes renováveis do Mundo. E ninguém consegue ver o óbvio: se as habilidades humanas são fonte principal do progresso económico, como defendem muitos economistas, e se essas habilidades são criadas nos primeiros anos de vida, então as mães são os maiores produtores da economia. Elas têm, literalmente, a profissão mais importante do Mundo.