Relato de parto
Eu não sou produto de pais hippies e não me considero uma moralista. Não sou uma ateia, uma liberal, ou uma neofeminista. Não sou louca nem marciana. No entanto, é isto que as pessoas normalmente presumem quando lhes digo que tive o meu filho em casa, de forma programada.
Eu não tive o bebé em pleno Inverno, num qualquer sítio remoto, sozinha e toda nua. Eu não acendi velas, não pus a tocar música new age, não entoei cânticos a uma deusa do parto, nem me envolvi numa sessão espírita. Eu não tive o meu bebé abraçada a uma árvore, nem agachada num campo de arroz (não que haja alguma coisa de errado com estes cenários). Eu simplesmente tive o meu trabalho de parto e pari em casa.
Para si, caro leitor, isto pode não ser nada de transcendental, mas as reacções que tive vão desde o choque e repugnância, à admiração e elogio—e até à descarada falta de educação. Por mais de uma vez fui apelidada de mártir.
Mas a resposta mais comum ao meu parto em casa tem sido a simples pergunta: “Porquê?”
Boa pergunta.
Passo a explicar.