A palavra “menstruação” deriva do latim mens e significa “lua” e “mês”. Segundo Priscila Di Cianni, a “primeira forma de medir o tempo foi pelo ciclo menstrual das mulheres. A sincronia entre o ciclo lunar e o menstrual refletia o vínculo entre as mulheres, a Lua e as deusas da fertilidade”.Muitos estudiosos do assunto afirmam que no passado acreditava-se que “o poder da mulher viria de seu sangue, e por isso ela não deve desprezá-lo, mas considerá-lo sagrado. Era como se o sangue menstrual ligasse a mulher ao poder da Criação”.
As religiões e as mitologias dão uma boa indicação disso, senão vejamos:
“O deus Nórdico Thor alcançou a terra mágica de encantamento e vida eterna por banhar-se em um rio cheio com o sangue menstrual das “mulheres gigantes”. As Primeiras Poderosas” que governavam os deuses mais antigos antes que Odin trouxesse seus “Asiáticos” do leste”.
Os índios da América do Sul dizem que toda a humanidade foi feita de "sangue menstrual. Uma concepção presente também na Mesopotâmia, na qual a Deusa Ninhursag (Grande Mãe) fez a raça humana com barro e com o "sangue da vida".
Para os taoístas, um homem que anseia à imortalidade ( ou ter uma vida longa), precisaria do sangue menstrual, do suco vermelho yin, oriundo do "Portão Misterioso da mulher".
No entanto, com o surgimento das sociedades patriarcais, o sangue menstrual passou a ser visto como sujo e maligno, "o que não deixa de ser irônico, visto que o sangue menstrual é o maior indicativo da fertilidade de uma mulher".
Notemos que são muitos poucos, hoje, inclusive entre as mulheres, que valorizem a menstruação da mulher, ao contrário, é um discurso comum as lamentações em torno da fase de menstruação.No próprio texto bíblico, as mulheres menstruadas passaram a ser “consideradas impuras e sujas e deviam ser mantidas longe da restante família, dos lugares santificados e de todas as coisas santas durante a duração do seu período”.
Mirella Faür: “Enquanto que nas sociedades matrifocais as sacerdotisas ofereciam seu sangue menstrual à Deusa e faziam suas profecias durante os estados de extrema sensibilidade psíquica da fase menstrual, a Inquisição atribuía a esse poder oracular a prova da ligação da mulher com o Diabo, punindo e perseguindo as mulheres ‘videntes’. Originaram-se daí a imensidão de tabus, de proibições e de superstições relacionadas ao sangue menstrual, o vermelho feminino incorpora, então, aspectos obscuros e depreciativos.Para a autora "milênios de supremacia e domínio patriarcal despojaram as mulheres de seu poder inato e negaram-lhe até mesmo seu valor como criadoras e nutridoras da própria vida ”.Mirella chega a afirmar que o resultado de tudo isso “é a tensão pré-menstrual, as cólicas, o ciclo desordenado, o desconhecimento dos ritos de passagem e dos mistérios da mulher”.
"Desenvolver amor e ligação com o poder da menstruação também significa desenvolver amor e ligação com o processo. Isso não funciona se o relacionamento que você tiver com a sua menstruação for um relacionamento teórico. Ele tem de ser realizado em termos de comportamento, para que o poder comece a se manifestar de uma maneira positiva. Se não honrarmos nosso sangramento e desenvolvermos um relacionamento consciente com ele, se não captarmos as mensagens que os nossos corpos nos enviam, o poder volta-se contra nós. É muito importante cultivar uma atitude amorosa para com todo o nosso ciclo - esta atitude é a capacidade de mudança subjacente a menstruar com consciência." - Lara Owen
Livro: Seu Sangue é Ouro - Editora Rosa dos Tempos
Uma mulher menstruada tem potencial místico de ser mais poderosa do que qualquer mulher ou qualquer homem, em qualquer momento. Em algumas tradições, a menstruação ainda é vista e sentida como um tempo especial e sagrado, divino, mágico e místico. Nas culturas matriarcais o sangue reverencia a Deusa por ter poderes mágicos. Em algumas tradições, o sangue menstrual era oferecido em cerimônias. Era sagrado para os Celtas, Egípcios, tântricos etc. Uma cerimônia simples, onde a mulher cava um buraco na terra e, de cócoras, deixa o sangue menstrual fluir na terra, ela coloca os pensamentos negativos sobre a feminilidade para serem desprezados e pede a Mãe Terra para transformar a energia negativa em equilíbrio e consciência.
Os mistérios do sangue recordam o imenso poder da mulher, o poder do sangramento, o poder de sentir e prever as coisas e, assim, estar mais próximas dos mundos superior e inferior. Quando sangram e jogam na terra o poder dos fluidos corporais, se reencontram consigo e com as divindades da Terra enquanto o sangue corre através do chakra pessoal da raiz, na terra. As mulheres sangram como a terra desbravada, sangram como nutridoras da vida, como doadoras, como doadoras da maternidade universal; e seu sangue é do tempo, da lua, da terra, das estrelas, da vida.
Quando uma mulher entra na idade da sabedoria - menopausa -, seu sangue sábio é retido no interior do corpo. Esse "sangue sábio” dá a mulher a força, a sabedoria e a sensibilidade para seguir a vida e desafiar a morte; e só a mulher possui esse dom.”
Já escrevi sobre menstruação AQUI. É um tema pelo qual me apaixonei!
Percebi que durante os dias de sangramento menstrual, eu, mulher, entro num estado de consciência alterado, conectando-me com um profundo conhecimento ancestral feminino. Para mim são dias sagrados e poderosos espiritualmente!
Quando menstruamos, estamos abertas a um conhecimento profundamente espiritual e contamos com a capacidade natural de nos reciclarmos, física e energeticamente.
Passei a olhar para o meu sangue menstrual como algo sagrado!
Neste momento ando a ler sobre a Menopausa, "quando o sangue já não é posto para fora, mas para dentro, para gestar Sabedoria Feminina, inaugurando os anos mais férteis espiritualmente na vida de uma Mulher" ( Mónica Glusman ).
Estou fascinada! Para mim ainda faltam uns anos mas nunca mais pensarei na menopausa como uma "fraqueza" da mulher!
Alguma vez tinham pensado sobre isto? Sobre o poder da menopausa? Estou maravilhada! Prometo escrever mais sobre isto!
O ciclo menstrual é uma das mais impactantes influencias na motivação, nas energias, nas habilidades e na percepção das mulheres , já é hora do ciclo menstrual ocupar o lugar que realmente têm , como centro de recursos femininos.
Uma mulher que toma consciência do próprio ciclo e das energias inerentes contidas nele , aprende a perceber um nível de vida que vai mais além do visível , mantém um vinculo intuitivo com as energias da vida , o nascimento e a morte , Sente a divindade dentro da terra e de si mesma ..
Miranda Gray “ Lua vermelha , os dons do ciclo menstrual “
Há dois tipos de ciclos menstruais determinados em função da fase lunar em que ocorre a menstruação.
Quando a ovulação coincide com a lua cheia e a menstruação com a Lua Negra ( três dias que antecedem a lua nova ou o quinto dia da lua minguante), a mulher pertence ao Ciclo da Lua Branca. O auge da fertilidade ocorre durante a lua cheia. É a mulher mãe!
Quando a ovulação coincide com a lua negra e a menstruação com a lua cheia, a mulher pertence ao Ciclo da Lua Vermelha. Como o auge da fertilidade ocorre durante a fase escura da lua, há um desvio das energias criativas, que são direccionadas ao desenvolvimento interior, em vez do mundo material. Diferente do tipo Lua Branca, que é considerada a boa mãe, a mulher do Ciclo Lua Vermelha é bruxa, maga ou feiticeira, que sabe usar sua energia sexual para fins mágicos e não somente procriativos.
Ambos os ciclos são expressões da energia feminina, nenhum deles é melhor que o outro. Ao longo da nossa vida, vamos oscilando entre os ciclos Branco e Vermelho, em função dos nossos objectivos, das nossas emoções e ambições.
Além de registrares os teus ritmos no Diário da Lua Vermelha, podes também reaprender a viver a sacralidade do teu ciclo menstrual. Para isso, é necessário criar um espaço e um tempo dedicado a ti mesma. As nossas ancestrais refugiavam-se nas Tendas Lunares para contemplação e oração, nós, no mínimo, devíamos respeitar a nossa vulnerabilidade e sensibilidade aumentada durante a nossa lua. Podemos diminuir o nosso ritmo, evitar pessoas e ambientes pesados, o desgaste emocionalmente, e, procurar encontrar meios naturais para diminuir o desconforto, o cansaço, a tensão ou a agitação.
As meditações, banhos de luz lunar, água lunarizada, imposição das mãos no ventre, sintonia com a deusa regente da nossa lua natal ou com as deusas lunares, viagens xamânicas com batidas de tambor, visualizações dos animais de poder, uso de florais, etc, podem contribuem para o reestabelecimento do padrão lunar perdido ao longo dos milénios de supremacia masculina e racional.
Continuando o post anterior.... Para compreender melhor o nosso ciclo menstrual, devemos criar um Diário da Lua Vermelha, anotando no calendário o início da menstruação, a fase da lua, as mudanças de humor, disposição, nível energético, comportamento social e sexual, preferências, sonhos, etc.
Para tirar conclusões sobre o padrão da tua Lua Vermelha, deves fazer este registo durante pelo menos três meses ( idealmente 6 ), comparar as anotações mensais criando um guia pessoal de teu ciclo menstrual baseado no padrão lunar. Observa a repetição de emoções, sintonias, percepções e sonhos... Estes posts são inspirado num livro que estou a ler e a AMAR - O Anuário da Grande Mãe – Guia Prático de Rituais para Celebrar a Deusa, de Mirella Faur, Editora Gaia
Compreender que temos uma Lua Interna, que faz parte da natureza do feminino a mudança cíclica, que somos seres integrais, holísticos e que as nossas hormonas afectam muito mais que nossos óvulos, pois afectam o nosso ser inteiro, é essencial!
Nós, mulheres, somos regidas por um micro ciclo lunar pessoal, conhecido como ciclo menstrual.
Esse Ciclo Lunar Pessoal possui ( como no ciclo lunar ) 4 etapas: Lua Nova, Crescente, Cheia e Minguante. No nosso corpo, esse ciclo manifesta-se na maturação do óvulo e pela acção hormonal das nossas glândulas endócrinas. Observando o nosso óvulo, vemos que ele cresce, como uma Lua no nosso corpo.
O Ciclo Lunar Pessoal tem em média 28 dias, como o ciclo lunar. Cada fase do ciclo dura em média 7 dias, como as fases lunares.
Os primeiros 7 dias, que correspondem à menstruação, representam nossa Lua Nova Pessoal, momento em que o endométrio (tecido uterino que se formou no ciclo hormonal anterior para receber um possível embrião), não ocorrida a gravidez, degenera-se, perde sua a função e desprende-se das paredes uterinas, provocando o sangramento. Isso representa uma renovação de nosso ciclo, o óvulo inicia o seu processo de crescimento.
A Lua Crescente Pessoal, inicia-se nos próximos 7 dias. Vemos um crescimento das taxas de estrogénio e um aumento considerável do óvulo.
A nossa Lua Cheia Pessoal chega com a maturação do óvulo (a ovulação) onde é libertado do ovário e desce para as trompas até chegar ao útero. É o conhecido período fértil, onde é possível ocorrer uma gravidez. Nesse período, temos um aumento considerável de hormonas como o estrogenio. Observando o nosso corpo, podemos perceber que estas hormonas podem fazer muito mais do que isto, afectam a temperatura corporal que sobe cerca de 1ºC, melhoram o nosso estado de animo, humor, a nossa pele, e especialmente a nossa libido. São dias de uma profunda revolução e ebulição.
A Lua Minguante Pessoal, corresponde ao período onde ocorre uma descida das taxas de estrogénio. É um período de grande transformação dos padrões hormonais, mais conhecida pela TPM. Os sintomas físicos são visíveis, afectando várias partes de nosso corpo e as nossas emoções.
Sentir a influência da Lua no nosso corpo, como afecta a nossa vida diária é importante para realinhar e remodelar o nosso próprio ciclo interno. Reconhecer essas influências é o primeiro passo, contemplar essas luas, observar o nosso corpo, tocá-lo, sentir inteiramente como reage em cada momento, estar atenta a pequenas mudanças...
Nos tempos de hoje, resgatamos estas antigas tradições, sabedorias esquecidas pelos tempos que ganham força no momento que nos damos conta que estamos a perder um conhecimento importante para a nossa saúde integral. Só assim podemos recuperar o nosso poder Sagrado Feminino.