A epidural cria uma separação entre a mulher e o seu corpo no momento em que ela mais tem necessidade de saber, e sobretudo sentir, o que está acontecendo. A mãe fica imobilizada, pregada numa cama durante todo o trabalho, sem a possibilidade de fiar-se em suas sensações - que praticamente deixam de existir. Ela só obedece às ordens do médico e sujeita-se às suas intervenções. A parte superior do corpo assiste, impotente e submissa, à intervenção médica efectuada na parte inferior. Incapaz de participar, a mulher fica condenada a suportar; quanto ao bebé, tem de enfrentar sozinho as contracções. A mãe é forçada a abandoná-lo em plena tormenta, nãoseguem juntos o mesmo percurso.
A dor do parto é uma dor intermitente, vem com a contração, começando fraca e vai aumentando, até atingir o pico de intensidade, depois começa a diminuir e desaparece completamente. No intervalo entre as contrações não há dor, dá tempo para relaxar, meditar, respirar profundamente e muitas vezes dormir.
É uma dor diretamente influenciada por fatores psicológicos, funcionais e emocionais. Quando estamos com medo, ficamos tensas, e a nossa tensão faz a dor aumentar. É um ciclo bem conhecido, o ciclo do medo-tensão-dor.
Uma boa experiência de parto significa, entre outras coisas, lidar com a dor inerente ao processo de abertura do colo do útero e aliviar ou eliminar as dores desnecessárias, provenientes de tensões, medos, ambientes impróprios, manobras médicas discutíveis ou presença de pessoas indesejadas.
Como podemos minimizar o desconforto das contrações?
Água, um recurso importante, nas suas variadas formas. O chuveiro morno sobre as costas é relaxante e diminui a sensação de dor. Não há limite de tempo para a mulher permanecer no chuveiro, as banheiras comuns ou de parto também são relaxantes e diminuem a sensação de dor. O ideal é que a imersão seja feita quando a dilatação já atingiu 5 ou 6 cm, para que não haja desaceleração do trabalho de parto.
Respiração, embora todos saibamos respirar, existem técnicas que ajudam a aumentar a oxigenação durante as contrações e o relaxamento durante os intervalos. Basicamente, entre contrações a respiração deve ser calma e profunda, propiciando maior relaxamento. Durante a contração, usa-se uma respiração mais acelerada, começando lenta e ficando mais curta e rápida no auge da contração ( cachorrinho), voltando aos poucos a ficar mais profunda e longa conforme a contração vai desaparecendo. Esta respiração aumenta a oxigenação. Embora essas sejam dicas úteis para o parto, a respiração varia de mulher para mulher não exitem regras fixas! manter intiutivamente um ritmo respiratório sem necessidade de auxílio é uma forma de devolver o protagonismo á mulher!
Iluminação – para a maioria das mulheres, um ambiente na penumbra ou meia luz é mais propício ao relaxamento.
Velas, aromas, cores – o uso de outros elementos ambientais podem ser muito importantes individualmente, todos os recursos ambientais são válidos, desde que seja a parturiente a escolher.Palavras de encorajamento, silêncio, privacidade e ambiente discreto
Carinho e apoio obtido do companheiro, mãe, amiga, doula, etc. Não sentir-se sózinha nesse momento tão importante e intenso, ser cuidada... É importante sentir confiança nas pessoas que estão presentes no trabalho de parto, deve haver compreensão, paciência, e respeito para com seus ritmos e tempos naturais de um parto.
Massagem, os impulsos nervosos gerados pela massagem em determinadas regiões do corpo vão competir com as mensagens de dor que estão são enviadas ao cérebro, reduzindo as sensações de dor. São impulsos nervosos diferentes, competindo pelos mesmos receptores do cérebro. Essa massagem deve ser aplicada nos pés e mãos e funcionam como a técnica de contra-pressão (feita nas costas, na altura da borda superior da bacia). Massagens aplicadas nos ombros e pescoço são melhores entre as contrações e ajudam a relaxar. Já a massagem suave na barriga, braços e pernas dá a sensação de apoio físico e companheirismo.
Relaxamento, não permita que o seu corpo lute contra a dilatação ou contra as dores por ela provocadas. Essa luta provoca tensão, que por sua vez desacelera o trabalho de parto e provoca mais dor. É assim que o relaxamento permite que seu útero faça o trabalho. Relaxar significa entre outras coisas desconectar-se das preocupações e do mundo exterior. As contrações devem ser vista como "amigas" por isso relaxe e abra o seu corpo, aceite as contrações como aliadas e não inemigas ou algo a evitar... são as contrações que vão fazer dilatar o seu colo do utero para a passagem do seu bebé...
Meditação,
Visualização, para muitas mulheres esse recurso é importante, pois promove o relaxamento e diminui as tensões. A parturiente pode visualizar o bebé a descer pela bacia, o bebé saindo pela vagina, o colo do utero a abrir coisas, etc.
Vocalização,cantar,gritar,gemer,chorar, rir, etc
A movimentação do corpo auxilia na mobilidade dos ossos da bacia e diminui o tempo de trabalho de parto, algumas posições servem para corrigir apresentações inadequadas do bebé, podem aumentar o fluxo sanguíneo do útero ou podem dar mais conforto. É comum médicos ou regras hospitalares restringirem a posição da parturiente, deitada de lado durante o trabalho de parto ou de costas na hora da expulsão.
Ouvir música é relaxante para algumas mulheres, para outras pode ser fonte de perturbação. O importante é que cada mulher escolha se quer ou não quer música, quando e quais músicas devem ser tocadas durante o trabalho de parto.
"A anestesia obstétrica é um assunto polêmico desde suas primeiras utilizações ainda no século XIX. Polêmico porque associado a uma dor tida como única e diferente de todas as outras: a dor do parto. Na atualidade, uma série de movimentos sociais, baseados na idéia da humanização do parto, lutam contra os elevados índices de cesáreas realizadas no mundo todo e defendem o parto vaginal, além de suas modalidades alternativas (parto de cócocas, parto na água). É nessa seara – o parto “natural” - que a anestesia gera controvérsias: a dor é inerente ao parto? É necessário sofrê-la? Alguns rejeitam o uso da anestesia durante o trabalho de parto e o parto vaginal. Para outros, a humanização do parto pode significar alívio da dor através da administração da anestesia peridural. “O certo é que, uma boa experiência de parto significa, dentre outras coisas, lidar com a dor normal inerente ao processo de abertura do cólo do útero e aliviar ou eliminar as dores desnecessárias, provenientes de tensões, medos, ambientes impróprios, manobras médicas discutíveis ou presença de pessoas indesejáveis”, definem as Amigas do Parto, site criado para tratar da assistência ao parto, que integra uma rede formada por uma série de outras iniciativas semelhantes como Parto Natural, Nosso Parto, Rehuna, Mães Ponderadas, etc. Primórdios da polêmica A utilização da anestesia durante o parto normal é controversa desde sua origem. A história da medicina registra que a primeira aplicação anestésica durante um parto normal foi realizada pelo médico inglês James Young Simpson em 1847. Segundo Donald Caton, professor do Departamento de Anestesiologia da Universidade da Flórida, controvérsias surgiram não só por razões religiosas mas porque não havia consenso entre os médicos sobre a segurança do procedimento, baseado na inalação de éter sulfúrico. Eles temiam os possíveis efeitos do éter sobre a criança, sobre as contrações uterinas (que, diminuídas, poderiam prejudicar o andamento do trabalho de parto) e a ocorrência de hemorragias e infecção. Em artigo publicado no International Journal of Obstetric Anesthesia, Caton lembra que, a despeito da resistência no interior da medicina, a prática da anestesia durante o parto normal acabou sendo adotada, principalmente, pelas mulheres da elite inglesa. A própria rainha Vitória utilizou a anestesia em seu oitavo parto, realizado em 1853. O incipiente movimento feminista, que incluía na sua pauta de reivindicações, além do direito ao voto, maiores cuidados durante o parto (incluindo-se, vale lembrar, a hospitalização, já que, até então, o parto acontecia em casa e era realizado por parteiras), abraçou o uso da anestesia como sinal de aperfeiçoamento e melhoria nos cuidados médicos. A medicalização do parto foi ganhando intensidade. No período entre-guerras, além da anestesia, práticas como o fórceps e a episiotomia (corte no períneo) eram rotineiras nos hospitais, assim como o uso de analgésicos e tranqüilizantes durante o trabalho de parto. “Depois da Segunda Guerra Mundial, contudo, o público desenvolveu uma crescente descrença em relação a procedimentos médicos invasivos e drogas associadas a problemas congênitos como o dietilstibestrol, a talidomida e a radiação iônica”, lembra Canon. Nesse contexto é que o método de outro médico britânico começa a ganhar espaço: em 1954, Grantly Dick-Read publica o livro Childbirth without fear (Nascimento sem medo) e passa a defender a realização de partos naturais sem qualquer anestesia. Mas o que seria um “parto natural”? Segundo Dick-Read, do ponto de vista fisiológico a dor não pode ser considerada como “natural” ou constitutiva do parto. Segundo ele, as “mulheres primitivas” não sofriam durante o parto. A dor que as mulheres ocidentais costumam experimentar seria devido ao medo e à própria influência judaico-cristã da cultura, que associa o sexo ao pecado e, assim, a dor do nascimento à punição. Esse quadro de medo e ansiedade é que ativaria, segundo Dick-Read, reações nervosas, provocando o aumento das contrações uterinas e da dor. “Como Simpson, Dick-Read apareceu diretamente para o público, sobre quem ele teve maior influência. Como Simpson, ele teve bem menos impacto entre os médicos”, afirma Caton, ao lembrar que muitos deles questionaram as bases científicas de sua teoria. Um dos que a contestaram foi o médico francês Fernand Lamaze que, a partir de técnicas baseadas na respiração e no relaxamento aprendidas com obstetras soviéticos, também defendia a realização do parto natural. Dick-Read, por sua vez, acusava Lamaze de ter roubados suas idéias e as distorcido. A contenda entre os dois obstetras tornou-se, então, pública e, no contexto da Guerra Fria, a rivalidade entre o método inglês e o método russo extrapolou para o campo da política: em 1957, o Papa Pio XII resolve arbitrar a disputa e faz um discurso sobre o parto natural. Ele afirma que a dor está associada ao parto desde tempos imemoriais e que a Igreja não apresenta nenhuma objeção ao uso da anestesia. Pio XII contraria, assim, duas posições defendidas por Dick-Read, e diz que, pessoalmente, nota pouca diferença entre o método do médico inglês e o de Lamaze. Mas, por fim, afirma que, para as gestantes comprometidas com os valores cristãos, o melhor método é o inglês, por “ser menos materialista”. Anestesia e humanização do parto Feministas do século XIX lutaram pela extensão do uso da anestesia na obstetrícia numa época em que os médicos temiam seus possíveis efeitos durante o trabalho de parto e o parto vaginal. Um século depois, com novas técnicas e procedimentos anestésicos, muitas mulheres mudaram suas opiniões sobre o uso dessas drogas. Ativistas defensoras do parto natural não abordam a questão da anestesia obstétrica e seus efeitos como um problema exclusivamente médico. “Por exemplo, elas não estão interessadas nos efeitos da anestesia no metabolismo do oxigênio do neonato ou na porcentagem de drogas que atravessam a placenta, alguns do problemas que concernem aos clínicos. Elas estão interessadas nos aspectos pessoais e sociais do parto: nos modos como a experiência da mulher durante o parto pode afetar as interações subsequentes com a família”, lembra Donald Caton, o que traz desafios para a própria relação entre médicos e parturientes. A humanização do parto é tida, geralmente, pelos profissionais de saúde como sinônimo de acesso a certos procedimentos – como a própria anestesia de parto normal – antes restritos às pacientes dos hospitais e maternidades privados. A humanização, assim, passa a ser vista como acesso à anestesia peridural. A anestesia é legalmente prevista por portaria do Ministério da Saúde desde 1998 e deve ser paga pelo SUS. Mas, segundo Carmen Diniz, professora da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, “na prática a anestesia é inviabilizada pois o pagamento do procedimento 'parto' foi aumentado de valor, sem incluir honorários específicos para o anestesista”. Diniz afirma que essa associação da anestesia peridural com a humanização do parto diz respeito à própria tradição hipocrática da medicina que, baseada na idéia de beneficência, vê a aplicação da anestesia como uma defesa das mulheres e de seu direito de não sentir dor. A assistência ao parto sem anestesia é associada à pobreza técnica do médico e à carência de recursos do hospital, que tem a obrigação de oferecer anestesia a todas as suas pacientes. “Então, a gente praticamente só conta com anestesista quando é cesárea. Raramente fazemos uma peridural humanitária, quando a paciente, às vezes uma adolescente, está muito descompensada. Já no consultório, fazemos analgesia em praticamente 100% dos partos vaginais”, afirma um médico entrevistado por Diniz. A pesquisadora lembra que a dor do parto muitas vezes é amplificada por rotinas médicas como a imobilização, a manobra de Kristeller (pressão feita sobre o estômago supostamente para auxiliar o nascimento) e a episiotomia, entre outras práticas clínicas. Sendo assim, a experiência do parto, tanto para os profissionais de saúde como para a parturiente, é muito diferente com e sem a aplicação da anestesia peridural. “E suportar a dor da paciente, provocada pelos procedimentos que ele médico pratica, pode ser uma experiência muito penosa também para o profissional. A ponto de, em um estudo recente, a disponibilidade da anestesia peridural ser considerada pelos médicos o fator mais importante na lista de boas condições de trabalho do obstetra”, lembra Diniz, num artigo publicado na revista Ciência e Saúde Coletiva. Disputa pela descoberta da anestesia A primeira modalidade de anestesia com aplicação mais recorrente na medicina obstétrica foi a anestesia inalatória. Drogas como a morfina foram utilizadas com a intenção de promover um apagamento da experiência do parto, associado, então, a muito sofrimento e violência para a mulher. As mulheres davam à luz completamente inconscientes. Muitas eram amarradas às camas, pois sob efeito sedativo, se debatiam. Na década de 1920, Fernando Magalhães, considerado o pai da obstetrícia brasileira, foi um dos adeptos do chamado parto inconsciente. A polêmica aplicação da anestesia obstétrica confunde-se, assim, com a própria história da anestesia. A descoberta da anestesia inalatória é oficialmente atribuída a William Thomas Green Morton, estudante da Faculdade de Medicina de Harvard que, em 1846, demonstrou publicamente o uso do éter sulfúrico como anestesia geral para a cirurgia. Quatro anos antes de Morton, Crawford Williamson Long já havia realizado pequenas cirurgias e partos com a utilização da inalação de éter como anestésico. Antes de Long, Paracelso (1540) e Faraday (1818), dentre outros, já haviam observado a ação anestésica do éter. Mas nenhum deles o havia utilizado durante um ato cirúrgico. “Com o crescente conhecimento da fisiologia respiratória e a descoberta de novos gases e vapores, abriu-se caminho para o uso da via inalatória para a administração de drogas. Apesar de, nesse tempo, já se conhecerem relatos de injeções de drogas, sangue e cristalóide por via venosa em animais, a agulha oca ainda não havia sido inventada”, lembram Ricardo Maia e Cláudia Fernandes, em artigo sobre o surgimento da anestesia inalatória. A inalação de óxido nitroso, conhecido como gás hilariante, foi um entretenimento circence comum no início do século XIX durante as chamadas laughing gas parties. Horace Wells, um dentista norte-americano, ao participar de uma dessas apresentações, notou que um dos participantes havia ferido a perna, mas, sob o efeito do gás, não sentia dor. Contatou o dono do circo e realizou experiências, em 1844, em seu consultório, com o óxido nitroso, outro método inalatório que também passou a ser utilizado. Diante de tantas descobertas, quase simultâneas, sobre a anestesia inalatória, a prioridade da descoberta passou a ser disputada entre Long, Wells, Morton e seu professor em Harvard, Jackson, que também entrou na briga, que passou a ser arbitrada pelo Congresso americano. Existiram outras controvérsias. Apesar de comprovado os efeitos anestésicos do éter, Long, por exemplo, interrompeu suas experiências ao sofrer a perseguição dos moradores da pequena cidade onde morava (no estado da Geórgia), que consideravam o éter como uma “droga diabólica”. Privadamente, Long prosseguiu e administrou éter à sua esposa durante o seu segundo parto em 1845. É, por isso, considerado também um dos precursores da anestesia obstétrica."
Na minha opinião, chamar o uso da anestesia epidural como parto humanizado, é uma perversão do termo, ao serviço de toda a espécie de interesses que não a mãe e do recem-nascido. "Humanizar o Parto é devolver o protagonismo á Mulher" A dor depende de como se encara, se ela for vista como inimiga, então fala-se em sofrimento no parto, mas se ela for vista como aliada, então não faz sentido eliminá-la ... e sim ela pode ser vista de um modo positivo!
Há uma razão para se parir de um modo natural, há benefícios para a mãe e para o bébé, e o nosso corpo sabe o que fazer ...
Não sou contra nem a favor da epidural, sou contra a falta de informação, a epidural tem risco (que não devem de ser banalizados) mas se essa for a escolha da mãe, se ela se sentir mais segura e confiante no seu parto, então deve de estar á sua disposição.
Poucas mulheres dizem não à epidural. Quem já experimentou, não tem dúvidas. Como que por magia, a dor desaparece.
A analgesia epidural é uma técnica anestésica que elimina as dores do parto sem afectar a mobilidade da grávida. Ou seja, não impede que ela faça força para o bebé sair. O segredo reside em aplicar uma substância anestésica onde ela é realmente necessária: nas terminações nervosas responsáveis pela dor. Neste caso, nas raízes nervosas a nível da coluna, responsáveis pela sensibilidade no abdómen. A mensagem da dor viaja do útero em contracções até ao cérebro, através da coluna vertebral. O objectivo da analgesia epidural é interromper essa trajectória e impedir que aquela mensagem chegue ao cérebro. A ciência e a arte do anestesista consistem em aplicar a menor dose possível de anestésico para uma eficácia máxima. Ou seja, é preciso acabar com a dor, mas manter a mobilidade da grávida. Um anestesista experiente sabe bem como conseguir este feito. É a arte de eliminar apenas a dor. O objectivo não é a ausência total de sensação, só a sensibilidade dolorosa é que deve desaparecer. A epidural tem vindo a ganhar popularidade e hoje já são poucas as mulheres que a recusam por completo. Com a analgesia epidural, asseguram os especialistas em Anestesiologia, consegue-se um parto mais tranquilo, sem dor e com menos repercussões para o feto. A solicitação da parturiente é justificação suficiente para a intervenção do anestesista ¿ desde que haja condições ¿ e nem mesmo quando o parto está iminente o médico deve recusar fazer qualquer coisa para diminuir a dor.
Quando? A partir de uma dilatação entre 3 a 4 centímetros procede-se à administração da analgesia epidural. Esta anestesia demora cerca de 20 minutos a fazer efeito. Por isso, se a dilatação começar a avançar rapidamente, pode não haver tempo para administrá-la.
Para que se dê início à analgesia por via epidural, é obrigatória a obtenção do consentimento informado da parturiente, a discussão com o obstetra sobre o status materno e fetal e a existência de meios imediatamente disponíveis, como equipamento de ressuscitação e fármacos, para resolução de eventuais complicações que possam ocorrer. O período de cuidados pós-analgesia ou pós-anestesia deverá contar com a disponibilidade de um anestesista, para a eventualidade de necessidade de tratamento de complicações ou de ressuscitação cardiopulmonar.
A epidural é uma técnica invasiva e como tal tem riscos. Mas felizmente, são poucos os casos em que as coisas correm mal. As consequências mais frequentes da epidural estão relacionadas com imprecisões na perfuração, o que pode acontecer porque a mulher se mexe, por exemplo. Isto pode provocar fortes dores de cabeça ¿ cefaleias ¿ que, no entanto, acabam por desaparecer ao fim de alguns dias. Existem igualmente riscos de complicações neurológicas, embora estas sejam bastante raras. Os défices neurológicos permanentes ¿ o grande medo das mulheres ¿ podem acontecer uma vez em cada 20 mil epidurais, e os défices neurológicos temporários ¿ que duram no máximo seis meses ¿ podem ocorrer uma em cada 800 analgesias epidurais. Se está grávida, não deixe para o fim o esclarecimento de todas as dúvidas relacionadas com a epidural. Fale com o seu obstetra e com o anestesista que a vai acompanhar no parto. Desfaça os mitos e informe-se. A informação é, seguramente, a sua melhor arma contra o medo da dor.
Contra-indicações da epidural - Recusa ou incapacidade colaboração da parturiente - Coagulopatia - Infecção local ou sistémica - Hipertensão intracraniana - Choque ou hipovolémia grave
Usar anestesia do tipo peridural para alivar as dores do parto pode gerar problemas na amamentação, de acordo com um estudo divulgado nesta segunda-feira na publicação científica International Breastfeeding Journal. Os pesquisadores da Universidade de Sydney, na Austrália, dizem que as mulheres que usaram o anestésico teriam uma tendência maior de apresentar problemas na primeira semana após o parto e parar de amamentar mais cedo."Existe uma quantidade crescente de evidências de que o químico fentanil, presente na peridural, pode ser associado com bebês sonolentos e dificuldades para se estabelecer a amamentação",disseram os pesquisadores."Qualquer que seja o mecanismo que rege isso, é importante que as mulheres que corram mais risco de parar de amamentar recebam o apoio e a assistência necessárias, tanto no período pós parto como nos meses seguintes". Os pesquisadores estudaram 1.300 mulheres que tiveram filhos em1997. Das 416 que usaram a peridural, 172 também fizeram uma cesariana. As mulheres que receberam o anestésico apresentaram uma incidência maior de problemas para amamentar na primeira semana. Elas também teriam uma tendência maior de parar completamente de amamentar durante os primeiros seis meses do que as mulheres que não usaram a anestesia. Três quartos das que não receberam a anestesia ainda amamentavam após 24 semanas do parto. A proporção entre as que receberam aanestesia foi de 53%. Um porta-voz de um dos órgãos de obstetrícia mais conceituados da Grã-bretanha, o Royal College of Obstetricians and Gynaecologists, Pat O'Brien, reconheceu a possibilidade de o fentanil ter efeito sobre o bebê, mas diz que outros fatores podem explicar os números do estudo. "Se uma mulher escolhe não usar a peridural, ela pode estar mais disposta a perseverar amamentando", diz ele. "Muitas das mulheres que usaram a anestesia fizeram cesariana e, a menos que elas tenham muito apoio, é duro para elas segurarem os bebês para amamentarem", afirma.
The Cochrane Library newsletter,2005, Issue 4 – The best single source of reliable evidence about effects of health care
O alívio da dor é um assunto importante para mulheres em trabalho de parto, e as epidurais são cada vez mais frequentes.
Estas reduzem a dor mas aumentam a probabilidade de um parto instrumentalizado.
Actualmente existe uma lacuna de evidências que comprovem que as epidurais aumentem o risco de ocorrência de cesarianas, no entanto, mulheres a quem seja administrada epidural têm um segundo estádio de trabalho de parto mais longo, comparado com aquelas que foram sujeitas a outras formas de alívio da dor.
As epidurais, introduzidas em 1946, são agora usadas por 1/5 das mulheres do Reino Unido e por metade das mulheres nos EUA, durante o trabalho de parto. Numa analgesia epidural, agentes anestésicos são injectados na região baixa da coluna. Este processo bloqueia a actividade nervosa e transmite estímulos indolores do canal de parto para o cérebro, o que resulta no alívio da dor.
Uma revisão sistemática da literatura incluindo 21 estudos de analgesia epidural no trabalho de parto, envolvendo 6664 mulheres.
The Cochrane Reviews Authors tiraram várias conclusões a partir destes dados. Comparativamente com mulheres que usaram outras formas de alívio da dor, mulheres sujeitas a epidural têm maior alívio da dor, segundo estádio de trabalho de parto mais longo, aumento da probabilidade de partos instrumentalizados, e aumento da probabilidade de ter febre durante o trabalho de parto.
Encontrou-se alguma falta de evidências que as epidurais afectassem os recém-nascidos, aumentassem a probabilidade de partos por cesariana, aumentassem a probabilidade de dores nas costas a longo termo, e afectassem a satisfação materna.“As evidências nesta revisão têm que ser disponibilizadas a mulheres que considerem a hipótese de alívio da dor em trabalho de parto,” diz o autor principal Millicent Anim-Somuah, Investigador Honorário na School of Reproductive and Development Medicine, no Liverpool Women’s Hospital NHS Trust, Liverpool, Reino Unido.Review title: Anim-Somuah M et al. Epidural versus non-epidural ornoanalgesia in labour.The Cochrane Database of Systematic Reviews 2005, Issue 4. http://www.eurekalert.org/pub_releases/2005-108jws-tcl101405.php
Retirado da Revista Pais&Filhos brasileira por DEBORAH TREVIZAN, MÃE DE ISADORA 01 de Junho, 2007 "Quando passou a ser usada para aliviar as dores do parto, no século 19, a anestesia foi comemorada como uma conquista feminina. Hoje, mais e mais mulheres optam por dar à luz sem ela. A gente foi investigar por quê
Quando passou a ser usada para aliviar as dores do parto, no século 19, a anestesia foi comemorada como uma conquista feminina. Hoje, mais e mais mulheres optam por dar à luz sem ela. A gente foi investigar por quêNo mundo todo cresce o número de mulheres que optam pelo parto sem anestesia. No Brasil, um dos campeões mundiais em cesariana, os índices ainda são pequenos, visto que, óbvio, a anestesia só pode ser dispensada no parto vaginal. Ainda assim, cada vez mais mães que buscam o parto natural, com o mínimo de intervenção médica, dispensam a dor da picada e enfrentam a das contrações, da dilatação e da expulsão do bebê. Onde quem opta pela cesariana, temendo o parto normal, vê dor, as mães que evitam a anestesia enxergam prazer. Segundo elas, sentir o nascimento do filho é uma delícia. Para algumas, comparável a um orgasmo.No livro As 500 Melhores Coisas de Ser Mãe, das publicitárias Juliana Sampaio e Laura Guimarães, autoras do blog que virou programa de TV Mothern, a 29ª melhor descoberta da maternidade é “reconhecer o valor de ter nascido após a invenção da anestesia”; e a 30ª, “ou encarar um parto natural sem isso e descobrir-se mais forte e poderosa do que você jamais se imaginou”. Ou seja, questão de opção. Ninguém é mais mãe por sentir dor, claaaaro. Nem precisava dizer, mas a gente faz questão.Na primeira vez que a anestesia foi usada com esse fim, corria o século 19. A rainha Vitória deu à luz seu oitavo filho sob efeito do clorofórmio. A peridural, usada até hoje, surgiria só no século 20. No Brasil, o governo passou a pagar ao SUS pela anestesia dada no parto normal apenas a partir de 1998. Na Europa, em geral, as anestesias continuam sendo evitadas. Em outros países, como Espanha, Portugal e nos Estados Unidos, são usadas de forma liberada, mas também cresce o movimento por menos intervenções.Entre as razões citadas pelas mães para evitar a anestesia estão o desejo de perceber o momento em que os bebês nascem, sentir prazer durante o parto, evitar que os bebês tenham contato com os anestésicos e ter maior mobilidade para amamentar. Segundo o neonatologista Carlos Eduardo de Carvalho Corrêa, filho de Victor e Silma, um procedimento sem anestesia estabelece rapidamente o vínculo materno. Ele cita estudos que mostram que bebês nascidos de partos sem a necessidade de anestesia, ao serem colocados sobre o ventre da mãe, logo após o nascimento, fazem um movimento em direção ao peito materno, o que não acontece com bebês nascidos sob intervenções anestésicas.Diminuindo a dorMas como conseguir tudo isso? Uma das respostas é recorrendo ao apoio de uma doula, acompanhante de parto que, além de dar apoio e incentivo na hora mais dolorida, ensina técnicas de respiração que ajudam a diminuir o desconforto. A presença dessa profissional, segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), diminui em cerca de 60% os pedidos de anestesia. Claro que fica muito complicado não fazer nenhuma preparação prévia e querer ter o filho a seco na hora...Segundo a doula Cristina Balzano, mãe de Mônica, Miguel e João Pedro, o ideal é que a mulher não prenda o ar durante as contrações. “A respiração tranqüila, pelo abdômen, oxigena também melhor o bebê”, explica. Outras dicas são a escolha da melhor posição, que é individual para cada mulher, massagens e o contato com a água, seja numa banheira, ducha ou com compressas, já que, diz Cristina, a água é um excelente analgésico natural.Foi a água que auxiliou Mariana Betioli, mãe de André. Compressas feitas nas costas ajudaram no trabalho de parto. “Queria sentir cada momento lúcida, à vontade e segura”. Já Daniela Aragão, mãe de Pedro, Bernardo e Julia, teve os três filhos em partos normais: o primeiro com anestesia; os outros dois, sem. Para ela, não há comparação. “Prefiro quando tenho controle e sei a hora em que tenho de fazer força. Trabalhar em sintonia com o bebê foi a melhor sensação que já vivenciei”.O próprio organismo se encarrega de produzir substâncias que contribuem para aliviar a dor. “O trabalho de parto oferece as ferramentas para diminuir as sensações dolorosas, produzindo um incremento fantástico nas endorfinas (substâncias conhecidas como “analgésicos do cérebro”)”, diz o obstetra e homeopata Ricardo Herbert Jones, pai de Lucas e Isabel, que relata, no livro Memórias do Homem de Vidro, sua opinião sobre o tema. A incidência das anestesias nos partos que acompanha é de quase zero.O cérebro tem um poder tão fantástico que basta a gente acreditar que não vai mais sentir dor para ter algum alívio. Segundo um estudo feito na Universidade de Michigan, nos EUA, a simples menção de que iriam receber um anestésico fez com que pacientes que tinham tomado uma substância causadora de dor registrassem um aumento na produção de endorfinas. Acontece que a substância não passava de um placebo, sem efeito nenhum.O direito de optarMas é claro que você não precisa ser radical. É sempre muito bom saber que a gente pode optar pela anestesia se, na hora H, a dor for demais. Heather, mãe de Emily, Lucas, Logan e Anna Elisa, durante sua gravidez mais recente, não queria anestesia de jeito nenhum. Mas, na hora, a dor ficou forte demais. “Estava além do meu limite. Com certeza, a anestesia ajudou.”O obstetra e acupunturista Marcos José Pires, pai de Leonardo e Nathalia, acredita que a analgesia de parto, se aplicada no momento certo, isto é, quando as contrações ficam mais fortes entre 6 cm e 8 cm de dilatação (o total é de 10 cm de dilatação do colo do útero, quando o bebê nasce), pode garantir que a gestante tenha um parto normal. “Já no início do pré-natal, a mulher se preocupa com a dor. Sabendo da possibilidade de um procedimento que melhore bem essa dor, elas ficam mais estimuladas a tentar o parto normal”.E, acredite: depois da picada, você realmente não sente nada. É um alívio e tanto quando a coisa começa a ficar insuportável para os padrões de algumas mulheres. Nada de bancar a heroína, não é essa a idéia.Segundo o obstetra, que também usa a acupuntura para aliviar a dor, a analgesia atua melhorando a evolução do parto normal, facilitando a descida do bebê e a dilatação. Mas o médico alerta que isso só acontece se for feita no momento adequado, com acompanhamento do obstetra e com anestesista experiente. Caso contrário, ela pode favorecer uma parada das contrações uterinas e dificultar a dilatação, aumentando o risco de cesariana.A Dra. Daphne Rattner, filha de Heinrich e Miriam, técnica da área de Saúde da Mulher do Ministério da Saúde, acredita que mulheres que, sentindo-se bem acolhidas, acompanhadas por pessoas de suas relações e profissionais que lhe inspiram confiança conseguem, muitas vezes, controlar as contrações e até não sentir a dor. Porém, quando essas condições não ocorrem, aumenta a tensão e, conseqüentemente, a dor. Daí a importância da anestesia. O melhor é não fazer nada contra a vontade. A sua, óbvio. Se achar que não precisa, tente sem. Se achar que precisa, peça e pronto. Doa a quem doer. Só não pode doer mais do que você consegue (e quer) suportar."
E agora pergunto eu, e para vocês a epidural é fundamental?