Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Parir em Paz

Parir em Paz

Episiotomia aumenta a risco de incontinência anal

Fonte: http://gineconews.org/jornal/2000/maio/maio2000_09.htm 
By: Signorello L, Harlow B, Chekos A, Repke J. - In: BMJ 2000;320:86 

Estudos epidemiológicos têm indicado que a incontinência anal depois de partos é mais comum do que o se presumia. Até 6 a 10% de todas as mulheres apresentam novos sintomas defecatórios no pós-parto e algo entre 13 e 20% apresentam perda de controle de flatos. Os números são ainda mais altos para aquelas com lacerações de terceiro ou quarto grau. 

Apesar das alegações dos que preconizam episiotomia de rotina de que ela ajuda a evitar relaxamento do assoalho pélvico e trauma perineal, há evidências abundantes do contrário. Algumas evidências também sugerem que a episiotomia pode aumentar o risco de lesão de esfíncter, independentemente de sua associação com parto vaginal operatório.

Para determinar se as mulheres submetidas a episiotomia têm diferente risco de incontinência anal do que as mulheres a quem se permitiu a laceração espontânea no mesmo grau, investigadores conduziram um estudo em grupo retrospectivo para estimar o risco de incontinência anal entre uma grande amostra consecutiva de primíparas. 

Todas as participantes foram retiradas de uma população de primíparas que tinham passado por parto vaginal simples a termo com apresentação de vértice no Brigham and Women's Hospital, EUA, entre agosto de 1996 e fevereiro de 1997. As mulheres foram divididas em 3 grupos: grupo da episiotomia; grupo da "laceração", compreendendo mulheres que tiveram laceração perineal espontânea de segundo, terceiro e quarto graus; e um grupo "intacto", compreendendo mulheres que não receberam episiotomia e apresentaram, no máximo, laceração perineal de primeiro grau. 

As mulheres receberam questionários 6 meses após o parto solicitando informações sobre vários tópicos, inclusive problemas no momento com incontinência fecal ou de flatos (definidas como "evacuar ou eliminar gases quando não deseja"). Foi-lhes pedido para se recordarem de quaisquer problemas até 3 meses depois do parto. As pacientes com história de incontinência anal antes do parto foram excluídas da análise. 

O peso médio das crianças no grupo da episiotomia foi significativamente mais alto do que nos 2 outros grupos (3487 g vs 3374 g no grupo laceração e 3340 g no grupo intacto; P < 0,01). A duração mediana da segunda fase do trabalho de parto foi mais longa no grupo da episiotomia (109 minutos vs 81 minutos e 57 minutos). Vinte e sete por cento dos partos no grupo da episiotomia envolveram parto vaginal operatório vs 17% no grupo da laceração e 3% no grupo intacto. 

Depois do ajuste para idade materna, peso da criança ao nascer e duração da segunda fase do trabalho de parto, as mulheres que tinham uma episiotomia tinham mais probabilidade de apresentar incontinência anal que as mulheres que não passaram pelo procedimento. Comparadas às mulheres com períneo intacto, as proporções de chances para incontinência fecal com 3 e 6 meses nas mulheres com episiotomias foram de 5,5 e 3,7, respectivamente. Comparadas às mulheres com laceração espontânea, a episiotomia triplicou o risco de incontinência fecal aos 3 meses (OR, 3,2) e aos 6 meses (OR, 2,9) e dobrou o risco de incontinência para flatos com 3 e 6 meses depois do parto. 

Para eliminar complicações do trabalho de parto e o uso de instrumental como fatores de confusão, os investigadores repetiram a análise, restringindo-a ao subgrupo de mulheres que tinham parto espontâneo não complicado e não instrumentado. Os resultados indicaram que o efeito da episiotomia não foram influenciados por sua associação com partos cirúrgicos complicados. 

Comparar especificamente mulheres com episiotomia que não se estendia (incisão cirúrgica de segundo grau) com aquelas que tinham laceração espontânea de segundo grau resultou em triplicar o risco de incontinência fecal e duplicar o risco de incontinência para flatos após 3 meses do parto no grupo da episiotomia, embora este achado não fosse estatisticamente significativo. 

Os autores concluem que a episiotomia na linha média não é eficiente em proteger o períneo e os esfíncteres anais durante o parto e é fator de risco para incontinência anal no pós-parto, independentemente de sua associação com o peso de nascimento da criança, da duração da segunda fase do trabalho de parto e das complicações do trabalho de parto. Mulheres que têm episiotomias parecem correr risco mais alto de incontinência anal do que as que tiveram lacerações espontâneas comparáveis

Episiotomia? É melhor cortar para não rasgar?

N Ã O

"A revisão sistemática da Biblioteca Cochrane, atualizada pela última vez em 2009, inclui oito ensaios clínicos randomizados e um total de 5541 parturientes, submetidas à episiotomia seletiva ou rotineira. No primeiro grupo, 28,4% receberam episiotomia, contra 75,2% no segundo grupo. Os autores concluíram que os benefícios da episiotomia seletiva (indicada somente em situações especiais) são bem maiores que a prática da episiotomia de rotina. Os resultados apoiam claramente o uso restritivo da episiotomia, embora não tenha sido esclarecido em quais ocasiões deveria o procedimento ser realizado.

Baseando-nos nesses resultados da revisão sistemática, bem como nas conclusões de diversos outros estudos randomizados já publicados,1podemos afirmar que:
 
a)   Não há diferença nos resultados perinatais nem redução da incidência de asfixia nos partos com episiotomia seletiva vs. episiotomia de rotina;

b)  Não há proteção do assoalho pélvico materno: a episiotomia de rotina não protege contra incontinência urinária ou fecal, e tampouco contra o prolapso genital, associando-se com redução da força muscular do assoalho pélvico em relação aos casos de lacerações perineais espontâneas.;

c)    A perda sanguínea é menor, há menor necessidade de sutura e há menor frequência de dor perineal quando não se realiza episiotomia de rotina;
 
d)   A episiotomia é per se uma laceração perineal de segundo grau, e quando ela não é realizada pode não ocorrer nenhuma laceração ou surgirem lacerações anteriores, de primeiro ou segundo graus, mas de melhor prognóstico. Verifica-se importante redução de trauma posterior quando não se realiza episiotomia de rotina;

Episiotomia: laceração perineal EXTENSA e PROFUNDA. Músculos seccionados na episiotomia

e)  A episiotomia não reduz o dano perineal, ao contrário, aumenta-o:  uma prática de episiotomia restritiva reduz o risco de lesão perineal grave; nas episiotomias medianas é maior o risco de lacerações de terceiro ou quarto graus;

f) A episiotomia aumenta a chance de dor pós-parto e dispareunia;

g)   A episiotomia pode cursar com complicações como edema, deiscência, infecção (até fasciíte necrosante) e hematoma;

h)  A prática da episiotomia acarreta maiores custos hospitalares: Belizan estimou uma economia entre US$ 6,50 e 12,50 por cada parto vaginal sem episiotomia no setor público.  A estimativa para o Brasil seria de uma economia em torno de 15 a 30 milhões de dólares por ano, evitando-se as episiotomias desnecessárias.

A recomendação atual da Organização Mundial de Saúde não é de proibir a episiotomia, mas de restringir seu uso, admitindo-se que em alguns casos ela pode ser necessária. Entretanto, a taxa de episiotomia não deve ultrapassar 10%, que foi a taxa encontrada no ensaio clínico randomizado inglês, sem associação com riscos maternos ou neonatais."

http://estudamelania.blogspot.pt/2012/08/estudando-episiotomia.html?m=1

73% das mulheres portuguesas sofreram um corte na vagina!

A nossa taxa de episiotomias ( corte da vagina durante o parto para o bebé nascer mais depressa ) é a 2ª mais elevada da Europa!!! 73%! escandaloso! A grande verdade é que a episiotomia é um ritual de mutilação genital aceite na nossa sociedade! 

Podem ler a noticia aqui: http://www.publico.pt/sociedade/noticia/em-73-dos-partos-normais-as-mulheres-sao-cortadas-na-vagina-1595608

É feita muitas vezes por rotina, e a maioria das mulheres acha que é um procedimento útil. É o único acto cirúrgico possível de fazer no nosso corpo sem o nosso consentimento. Foi introduzida na obstetrícia SEM FUNDAMENTO cientifico ! Não existe um único estudo médico que conclua que é melhor cortar que rasgar!!


A verdade é que a vagina é um símbolo sexualmente poderoso e criativo na mulher logo é vista como ameaçadora pelos homens. Se estiver cortada perde o seu poder, e mais que isso, prova-se que é defeituosa e não consegue cumprir o propósito num parto - o nascer do bebé. Todo o corpo humano é retratado pela medicina como uma máquina defeituosa. A vagina é a rainha dos defeitos! Os defensores da episiotomia de rotina afirmam que protege a parturiente pois acreditam que o corpo feminino tem um defeito - uma vagina que não se adapta à passagem do bebé!

É uma verdadeira tentativa cultural de utilizar o nascimento para demonstrar a superioridade e controle do Masculino sobre o Feminino, da Tecnologia sobre a Natureza'. Através da única intervenção cirúrgica possível de fazer no nosso corpo sem o nosso consentimento, a vagina é mutilada pelo médico, o praticante do ritual e representante da sociedade, para ser então reconstruída culturalmente - pelo médico ;)



Mas a grande verdade é que a episiotomia é útil para a obstetrícia. Ao transformar o nascimento num procedimento cirúrgico de rotina, legitima-se a obstetrícia enquanto acto médico, usando uma das formas mais elaboradas de manipulação do corpo - a cirurgia.

SE ESTÁS GRÁVIDA INFORMA-TE! NÃO DEIXES QUE TE CORTEM A TUA VULVA!

Não deixem de ler o que escreve a Drª Melania sobre o assunto aqui: http://estudamelania.blogspot.pt/2012/08/estudando-episiotomia.html

A episiotomia é um ritual de mutilação genital aceite na nossa sociedade!

Episiotomia é o corte da vagina para o bebé nascer mais rapidamente. É feita muitas vezes por rotina, e a maioria das mulheres acha que é um procedimento útil. É o único acto cirúrgico possível de fazer no nosso corpo sem o nosso consentimento. Foi introduzida na obstetrícia SEM FUNDAMENTO cientifico ! Não existe um único estudo médico que conclua que é melhor cortar que rasgar!!


A verdade é que a vagina é um símbolo sexualmente poderoso e criativo na mulher logo é vista como ameaçadora pelos homens. Se estiver cortada perde o seu poder, e mais que isso, prova-se que é defeituosa e não consegue cumprir o propósito num parto - o nascer do bebé. Todo o corpo humano é retratado pela medicina como uma máquina defeituosa. A vagina é a rainha dos defeitos! Os defensores da episiotomia de rotina afirmam que protege a parturiente pois acreditam que o corpo feminino tem um defeito - uma vagina que não se adapta à passagem do bebé!
É uma verdadeira tentativa cultural de utilizar o nascimento para demonstrar a superioridade e controle do Masculino sobre o Feminino, da Tecnologia sobre a Natureza'. Através da única intervenção cirúrgica possível de fazer no nosso corpo sem o nosso consentimento, a vagina é mutilada pelo médico, o praticante do ritual e representante da sociedade, para ser então reconstruída culturalmente - pelo médico ;)

Mas a grande verdade é que a episiotomia é útil para a obstetrícia. Ao transformar o nascimento num procedimento cirúrgico de rotina, legitima-se a obstetrícia enquanto acto médico, usando uma das formas mais elaboradas de manipulação do corpo - a cirurgia.

style="clear: both; text-align: center;">

EPISIOTOMIA - Corte da vagina para alargar o canal vaginal

Eu subscrevi uma petição mundial contra as mutilações genitais femininas que acontecem em algumas tribos africanas, mas para mim, a episiotomia, é  também um tipo de mutilação genital com a desculpa de que foi para "ajudar o parto". A Organização Mundial de Saúde sustenta que esta prática não traz benefícios materno-fetais e que deveria ser de todo evitada na prática obstétrica pois não há nenhuma prova cientifica ou pesquisa académica que justifique ou aprove esta técnica por rotina!


A episiotomia é um procedimento cirúrgico quase universal que foi introduzido na prática clínica sem evidência científica que suportasse o seu benefício. O seu uso continua a ser rotineiro apesar de não cumprir a maioria dos objectivos pelos quais é justificado, isto é, não diminui o risco de lesões perineais severas, não previne o desenvolvimento de relaxamento pélvico e não tem impacto sobre a morbilidade ou mortalidade do recém nascido.
 
Originalmente, pensava-se que as episiotomias preveniam rasgos sérios e que curavam melhor que os rasgos naturais, mas os resultados muitos estudo mostram claramente o oposto – as episiotomias podem aumentar a gravidade dos rasgos durante o parto e fazerem com que a recuperação das mulheres seja mais difícil. Além disso, mulheres que já sofreram episiotomias têm os músculos da parede pélvica mais fracos e enfrentaram um desconforto maior quando retomaram a sua actividade sexual.
As episiotomias,  estão correlacionadas com um maior risco de lesão, maiores dificuldades na cura e mais dores, segundo uma análise baseada em 26 estudos efectuados. Os estudos encontraram evidência que a episiotomia não tem efeito aos níveis da incontinência, na resistência da parede do útero ou ainda na função sexual. Ainda, de acordo com os estudos as mulheres a quem foi aplicado o procedimento demoram mais tempo a retomar a sua actividade sexual. Aliás, o primeiro coito pós‑parto causou mais dor a estas mulheres!
 Médicos e pesquisadores têm-se afastado há algum tempo das recomendações de episiotomias de rotina, mas continuam a ser relativamente frequentes nos Estados Unidos. Em Portugal é uma prática largamente utilizada.

Espreitem este excelente artigo sobre a episiotomia "Uso Generalizado versus Selectivo" - da autoria das Dras. Bárbara Bettencourt Borges, Fátima Serrano, Fernanda Pereira do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia da Maternidade Dr. Alfredo da Costa - Lisboa - Portugal. Um excelente olhar científico sobre esta rotina médica praticada em Portugal (em versão PDF).Deixo-vos a conclusão:

O uso profiláctico/rotineiro da episiotomia continua a ser praticado frequentemente apesar da ausência de evidência científica que suporte o seu benefício.


Pelo contrário, existe mesmo uma evidência clara de que a episiotomia pode trazer algumas sequelas.


Desta revisão ressalta que a episiotomia não cumpre a maioria dos objectivos pelos quais é justificada a sua utilização.


Não só não diminui o risco de lesão do períneo, sob a forma de roturas de grau III e IV, como, inclusive, as suas complicações podem agravar ainda mais estas lesões.


Não previne o desenvolvimento do relaxamento pélvico com também não tem impacto sobre a morbilidade ou mortalidade fetal.


Na verdade, os riscos associados ao seu uso são significativos e levam-nos a ponderar se perante esta ausência de suporte científico é correcto praticar um acto para o qual não se encontram benefícios que o justifiquem!”

È UM ESTUDO FEITO EM PORTUGAL POR GINECOLOGISTAS PORTUGUESAS!!!

Afinal o que é uma episiotomia? É o corte do músculo perineal que tem interferência directa na mobilidade, no coito e no parto, entre outras funções....
Quando este músculo é cortado durante o parto deixa de fazer uma das principais funções que é o da orientação fisiológica da cabeça do bebé para o nascimento e permitir suavidade na respectiva libertação.

No pós-parto, o musculo cortado limita a mobilidade da mulher, causa dores continuas e limita o posicionamento em especial no sentar e a execução de tarefas relativamente simples como  o vestir, etc.
A cicatriz resultante do corte perineal, muitas das vezes desenvolvem cicatrizes coloidais, que não só irá interferir nos partos posteriores limitando a distensão perineal e por isso torna inevitáveis as lacerações e/ou novas episiotomias, assim como são um dos principais responsáveis pelas dores nas relações sexuais...
De entre as estruturas que também poderão ficar afectadas com a episiotomia é a enervação sensitiva dos grandes e pequenos lábios vaginais e do clitóris, o que pode originar desde adormecimento parcial até à falta de sensibilidade genital. Quando se faz uma episiotomia, pode haver também a secção e corte das glândulas de Bartholin, que são responsáveis pela lubrificação da vulva e vagina externa, para assim facilitar a relação sexual, o que pode comprometer a sua funcionalidade posterior para além de a tornar susceptível para o desenvolvimento de infecções e assim aumentar-se a probabilidade de se repetirem as bartholinites.


TU PODES ESCOLHER NÃO SER SUBMETIDA Á ÚNICA INTERVENSÃO CIRÚRGICA POSSÍVEL DE FAZER SEM O TEU CONSENTIMENTO! INFORMA-TE!



Fazer o bebé nascer mais rápido não significa nascer melhor. Muitas mulheres sofrem esta VIOLAÇÃO sem saber os seus direitos!
Ter um filho não pode ser um acto de violencia, tem  de ser um acto DE AMOR!

"Birth Messages"; o caso da episiotomia

"Faz uma análise simbólica dos procedimentos de rotina do parto hospitalar, por ela denominado de modelo tecnocrático do parto. Seu objetivo é elucidar os motivos pelos quais as instituições, a despeito das contra-indicações assinaladas pelas evidências científicas, continuam promovendo o uso rotineiro de vários desses procedimentos, entre os quais a episiotomia. Eles desempenham importantes funções rituais e simbólicas, atendendo, com sucesso, a diversas demandas importantes dos profissionais de saúde responsáveis pela assistência ao parto, das mulheres em trabalho de parto e da sociedade e cultura mais abrangentes.

A episiotomia é analisada como uma mutilação ritual. A vagina, em diversas culturas, inclusive a nossa, é símbolo por excelência daquilo que é natural, sexualmente poderoso e criativo na mulher, sendo, por isso mesmo, vista como ameaçadora pelos homens. É relembrada a figura mitológica da vagina dentada, que ameaça consumir ou castrar o macho impotente. No ocidente, a crença na superioridade da cultura sobre a natureza se expressa através da metáfora, popularizada por Descartes, do corpo-máquina humano, cujo controle e aperfeiçoamento cabe à ciência. O corpo da mulher é retratado pela medicina como uma máquina inerentemente defeituosa. Os argumentos em prol da episiotomia de rotina reiteram esta simbologia ao afirmar que sua adoção protege a parturiente e seu concepto dos perigos apresentados pelo defeituoso
corpo feminino. Para a autora, esse é um dos procedimentos através dos quais se 'manifesta a tentativa cultural de utilizar o nascimento para demonstrar a superioridade e controle do Masculino sobre o Feminino, da Tecnologia sobre a Natureza'. Através dessa operaçào, a vagina é desconstruída pelo médico, oficiante do rito e representante da sociedade, para ser então reconstruída culturalmente.

Ademais, a episiotomia é útil conceitualmente para a obstetrícia. Ao transformar o nascimento em um procedimento cirúrgico de rotina, legitima-se a obstetrícia enquanto ato médico, pois se incorpora à sua prática um elemento central da medicina ocidental e uma das formas mais elaboradas de manipulação do corpo-máquina humano - a cirurgia. O ápice desse processo se dá com a adoção da cesariana como procedimento de rotina, sendo o Brasil citado como ilustração."




Robbie E. Davis-Floyd, Birth as an American Rite of Passage. Berkeleyand Los Angeles, University of California Press, 1992. (Resenha assinada por Sonia N. Hotimsky, no Notas sobre Nascimento e Parto, AnoIII, nº6, novembro de 1998, publicação do Grupo de Estudos sobreNascimento e Parto / Instituto de Saúde-SES-SP).

Cortar para não rasgar?

A episiotomia é um procedimento cirúrgico quase universal que foi introduzido na prática clínica sem evidência científica que suportasse o seu benefício. O seu uso continua a ser rotineiro apesar de não cumprir a maioria dos objectivos pelos quais é justificado, isto é, não diminui o risco de lesões perineais severas, não previne o desenvolvimento de relaxamento pélvico e não tem impacto sobre a morbilidade ou mortalidade do recém nascido.
Estudo Completo no Site da Ordem dos Médicos

Episiotomia como mutilação

Robbie E. Davis-Floyd, Birth as an American Rite of Passage. Berkeley and Los Angeles, University of California Press, 1992. (Resenha assinada por Sonia N. Hotimsky, no Notas sobre Nascimento e Parto, Ano III, nº6, novembro de 1998, publicação do Grupo de Estudos sobre Nascimento e Parto / Instituto de Saúde-SES-SP).

Sobre o capítulo 3, "Birth Messages"; o caso da episiotomia:

"Faz uma análise simbólica dos procedimentos de rotina do parto hospitalar, por ela denominado de modelo tecnocrático do parto.
Seu objetivo é elucidar os motivos pelos quais as instituições, a despeito das contra-indicações assinaladas pelas evidências científicas, continuam promovendo o uso rotineiro de vários desses procedimentos, entre os quais a episiotomia.
Eles desempenham importantes funções rituais e simbólicas, atendendo, com sucesso, a diversas demandas importantes dos profissionais de saúde responsáveis pela assistência ao parto, das mulheres em trabalho de parto e da sociedade e cultura mais abrangentes.
A episiotomia é analisada como uma mutilação ritual. A vagina, em diversas culturas, inclusive a nossa, é símbolo por excelência daquilo que é natural, sexualmente poderoso e criativo na mulher, sendo, por isso mesmo, vista como ameaçadora pelos homens. É relembrada a figura mitológica da vagina dentada, que ameaça consumir ou castrar o macho impotente. No ocidente, a crença na superioridade da cultura sobre a natureza se expressa através da metáfora, popularizada por Descartes, do corpo-máquina humano, cujo controle e aperfeiçoamento cabe à ciência. O corpo da mulher é retratado pela medicina como uma máquina inerentemente defeituosa. Os argumentos em prol da episiotomia de rotina reiteram esta simbologia ao afirmar que sua adoção protege a parturiente e seu concepto dos perigos apresentados pelo defeituoso corpo feminino. Para a autora, esse é um dos procedimentos através dos quais se 'manifesta a tentativa cultural de utilizar o nascimento para demonstrar a superioridade e controle do Masculino sobre o Feminino, da Tecnologia sobre a Natureza'. Através dessa operaçào, a vagina é desconstruída pelo médico, oficiante do rito e representante da sociedade, para ser então reconstruída culturalmente.
Ademais, a episiotomia é útil conceitualmente para a obstetrícia. Ao transformar o nascimento em um procedimento cirúrgico de rotina, legitima-se a obstetrícia enquanto ato médico, pois se incorpora à sua prática um elemento central da medicina ocidental e uma das formas mais elaboradas de manipulação do corpo-máquina humano - a cirurgia. O ápice desse processo se dá com a adoção da cesariana como procedimento de rotina, sendo o Brasil citado como ilustração."

Como proteger o meu Períneo?

Fonte: Renata Dias Gomes (Mãe de Maiara, parto natural hospitalar), Parto do Princípio - Mulheres em Rede pela Maternidade Ativa

"Um dos maiores medos das mulheres que passarão pelo parto normal é o estado que ficará seu períneo depois da passagem do bebê. Esse é também um dos maiores receios daquelas que peitam tudo e todos e pedem pra que não seja feita episiotomia de rotina. Assumir os riscos de uma "tragédia" com o períneo como a gente sempre escuta por aí pode não parecer fácil a primeira vista.
Mas se torna muito mais fácil assumir essa posição quando começamos a estudar e perceber que a episiotomia é o vilão de muitos partos vaginais em que a mulher reclama de dores pra sentar no período pós-parto, relata que vai precisar de cirurgia no períneo e reclama da experiência. Uma laceração natural na maioria das vezes envolve um número muito menor de pontos, além de ser mais superficial que o corte cirúrgico da episiotomia.
Eu briguei por isso e não tive nenhuma laceração (não levei nenhum ponto no parto)!
O primeiro passo foi encontrar um médico que fosse favorável e não cortasse nada antes da hora e também me ajudaram bastante os exercícios e conselhos que aprendi no grupo de gestantes. Além dos exercícios tradicionais de contrair e soltar a musculatura do períneo (prenda e solte o xixi pra testar), nas aulas de yoga treinava bastante a posição de cócoras e me acostumei a ficar também assim dentro de casa ou ao menos não sentar em cadeiras ou sofás, sentando diretamente no chão. Isso facilita bastante a abertura da pelve e aumenta a elasticidade do períneo. Com a mesma finalidade de elastecer o períneo, aprendi um exercício pra fazer com uma bolinha dessas que se dá pro cachorro morder (nem dura nem mole).
De todos, foi o mais eficiente! Sentava com as solas dos pés unidas (borboleta), colocava a bolinha embaixo do "ísquio". O ísquio é um osso que constitui a zona inferior da pélvis (quadril) e que apoia o corpo quando estamos sentados.
Eu rebolava sobre a bolinha durante algum tempo numa nádega.
Depois, invertia o lado. Incrível como logo em seguida dá pra sentir a diferença conseguindo sentar no chão muito melhor!!!

Além disso, vale lembrar que a posição verticalizada (e eu pari de cócoras) já facilita naturalmente a abertura da pelve e a saída do bebê.
Durante a saída, foi importante controlar pra que ela saísse suavemente (o médico ajudou pedindo pra parar de fazer força quando ela estava no meio do caminho) ... A alta veio em 15 dias para exercícios e retorno a vida sexual e não houve nenhuma diferença entre antes e depois do parto. As coisas continuam como antes!!!"

Mais sobre mim

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2015
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2014
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2013
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2012
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2011
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2010
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2009
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2008
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2007
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub