Estar deitada durante a dilatação prolonga o trabalho de parto em cerca de uma hora, segundo uma revisão de estudos do The Cochrane Collaboration. Mais vantajoso, dizem os investigadores, é que a grávida fique de pé, sentada ou caminhe durante este período.
Foram analisados 21 estudos realizados em países desenvolvidos, desde a década de 60, envolvendo 3706 mulheres. Verificou-se que adoptar posições verticais durante a primeira fase do trabalho de parto (dilatação) retira uma hora ao processo.
«Na maior parte dos países em vias de desenvolvimento, as mulheres podem estar de pé ou caminhar durante a primeira fase do trabalho de parto, sem que isso produza algum efeito secundário», revelou Annemarie Lawrence, do instituto de saúde materno-infantil do hospital de Townsville em Queensland, na Austrália. «Com base nestes resultados, recomendamos que as mulheres sejam encorajadas a escolher a posição que considerarem mais confortável, alertando-as de que devem evitar permanecer deitadas», sublinhou.
Este resultado vai ao encontro das recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) para o parto normal. No documento elaborado pela OMS, a liberdade de posição e movimento durante o trabalho do parto e o estímulo a posições não supinas (deitadas) durante o trabalho de parto e parto são duas das medidas consideradas «úteis e que deviam ser encorajadas».
As posições verticais têm a ajuda da gravidade como vantagem. Alguns estudos têm demonstrado ainda que o facto de se estar deitada durante o trabalho de parto pode levar o útero a comprimir vasos sanguíneos, fazendo com que as contracções sejam menos eficazes.
A mulher passou a estar deitada e imóvel durante o parto com a medicalização do nascimento. A monitorização do feto e das contracções, os toques vaginais e a observação do parto são mais fáceis de realizar pelos profissionais de saúde se a grávida estiver deitada.
Por isso, muitas maternidades portuguesas ainda têm como regra deitar as mulheres a meio da dilatação. No entanto, algumas instituições já permitem a permanência em pé, desde que não exista qualquer complicação e que tal seja solicitado pela mulher.
"Durante meu trabalho de investigação numa grande maternidade jamaicana, havia uma luta constante entre as parturientes e as parteiras, querendo as primeiras levantar-se para se agacharem ou balançarem o pélvis para trás e para a frente, com os joelhos fletidos, e tentando as segundas metê-las na cama, onde deveriam deitar-se sossegadas, como boas doentes. Uma freira da classe média, que estava de serviço na sala de parto, embaraçada por eu, uma pessoa de fora, estar a assistir a isto, disse: 'Não sei como aguenta ver isto. Elas são como animais!' O pessoal estava perfeitamente consciente de que os movimentos executados pelas parturientes não eram adequados a um código de comportamento da classe média branca e sentiam-se envergonhadas. As índias Sia sentam-se num banquinho baixo, enroladas num cobertor, de costas para o fogo, levantando-se e caminhando quando têm vontade. No momento da expulsão, ajoelham-se numa cama de areia, com as mãos agarradas ao pescoço do pai e as costas apoiadas ao corpo da parteira, que está sentada com os braços passados em torno delas, dando-lhes massagens no ventre. Entre os nômades siberianos, a parturiente apoia-se a duas traves paralelas, a cerca de um metro uma da outra, ligadas por uma barra transversal; durante as contrações fica suspensa por baixo dos braços, de modo que toda a parte de baixo do corpo fica descontraída, apoiada à barra. Na Ilha de Páscoa, que constitui uma exceção dado os parteiros serem do sexo masculino, a mulher decide se prefere ficar de pé com as pernas afastadas ou sentada; o parteiro fica de pé atrás dela, apoiando-a com o seu corpo e dá-lhe massagens lentas e ritmadas no ventre.
A posição que a mulher adota durante as últimas fases do trabalho de parto pode variar, desde sentada nas cadeiras e banquinhos usados na Europa medieval (que só se modificou no reinado de Luís XIV, quando os obstetras convenceram as amantes do rei a dar à luz deitadas em mesas demodo a que aquele, escondido atrás de uma cortina, pudesse ver tudo)[apud Pete M. Dunn, "Obstetric Delivery Today", Lancet, April 10, 1976.], até balançar pendurada nas traves da cabana. A posição mais freqüentemente adotada, e que é também a mais vantajosa do ponto de vista fisiológico, é com as costas curvadas, os joelhos fletidos e os músculos que percorrem a parte interior das coxas descontraídas..." (Sheila Kitzinger, Mães - um estudo antropológico da maternidade. Lisboa, Presença, 1978; pp.93-94)
Não existem posições ideais para estar durante o trabalho de parto.
Mas mudar frequentemente de posição, pode ajudar a relaxar e controlar o desconforto das contracções.
Á medida que o trabalho de parto avança, tente varias posições, até encontrar uma que a ajude a sentir-se confortável.
Seja Criativa!
Algumas ideias que podem ajudar..
Balance
Numa cadeira, numa Bola, sentada na cama...
Se estiver numa cadeira pode pedir á sua Doula (ou ao seu acompanhante) para sentar-se no chão á sua frente, e empurrar os seus joelhos, a pressão exercida nos seus joelhos pode ajudar a aliviar o desconforto mas costas.
Dançar
E porque não? Um momento magico com o seu parceiro...
Balançar e andar podem ajudar no trabalho de parto.
Incline-se e sustente-se no seu acompanhante durante contracções, envolva os seus braços em torno do seu pescoço e dance...
É uma óptima posição para uma massagem nas costas.
Inclinar-se para a frente
Se sentir dores nas costas durante o trabalho de parto, inclinar-se para a frente pode ajudar a aliviar esse desconforto.
Use uma cadeira ou incline-se sobre uma cama. Mais uma boa posição para uma massagem nas costas.
Pé em cima da cadeira
Coloque um pé em cima de uma cadeira.
Incline-se delicadamente para a cadeira durante a contracção.
Ajoelhar-se
Mais uma boa posição para estar em trabalho de parto.
Use uma bola de nascimento ou uma pilha de almofadas.
No hospital, levante a cabeça da cama e ajoelhe-se na parte mais baixa da cama e descanse os braços e tronco na parte alta da cama.
Estar de cócoras
Agachar abre a pélvis, dando ao seu bebe mais espaço para descer no canal de parto.
Uma óptima posição para o expulsivo.
Use uma cadeira ou uma cama para a sustentação.
Pode também agachar-se com as costas contra a parede ou entre os pés da sua Doula ou do seu companheiro, que a/o sustenta sentada/o numa cadeira.
Se não poder estar de cócoras esta é uma excelente alternativa para o expulsivo.
Pode pedir ao seu acompanhante para se sentar por trás de si.
Durante cada contracção, incline-se para a frente ou puxe os joelhos.
De gatas
Outra posição alternativa para o expulsivo.
Poderá ajudar no desconforto nas costas, pois alivia o peso nas mesmas. Ajuda o bebe a girar e a posicionar-se melhor para o expulsivo.
Deitar de lado
Pode querer descansar.
Recorde que não há posições perfeitas para o trabalho de parto.
Pode necessitar experimentar varias posições para encontrar as mais eficazes.
Posições não-supina ( ex. Posições Verticais ou Deitadas Lateralmente) para o Parto
Como a arte nos tem demonstrado ao longo da história, as mulheres através das culturas usavam posições verticais e/ou posições neutras para serem favorecidas com a força da gravidade (por ex. deitada de lado ou de gatas) para dar à luz os seus bebés. Até à descoberta do fórceps no séc. XVII, raramente se mostravam mulheres a darem à luz numa posição supina (deitada de costas).
Normalmente as mulheres eram cuidadas e atendidas durante o trabalho de parto por "mulheres sábias" da sua comunidade, que as encorajavam a se guiarem pela sua sabedoria interna e pelo apoio daqueles que a rodeavam.
As mulheres usavam diferentes objectos como colunas, árvores e cordas para realizarem força durante o período expulsivo. Utilizavam também outro tipo de apoios, feitos de madeira, tijolo e pedras para facilitar determinadas posições, como a cócoras ou de gatas.
O uso de várias posições durante a segunda fase do trabalho de parto (período expulsivo), permitirá que responda ás mudanças de posição do seu bebé durante a descida, rotação e extensão no esforço de nascer. As posições que escolher, com frequência aumentarão a sua comodidade e facilitarão o progredir do nascimento. Cada posição tem vantagens e desvantagens.
Posições Verticais As posições verticais tais como estar de pé, de cócoras ou de joelhos, aproveitam a força da gravidade para ajudar o bebé a descer. Os raios-X têm demonstrado que colocar-se de cócoras, alarga o diâmetro da pélvis, criando mais espaço para que o bebé desça. Todavia é uma posição bastante cansativa. Na maioria das culturas ocidentais as mulheres não estão acostumadas a estar de cócoras por longos períodos de tempo, pelo que devem descansar numa posição semi-sentada entre as contracções. Penny Simkin autora reconhecida e educadora para o parto amplamente respeitada, recomenda que as mulheres se ponham de cócoras, com apoio, ou adoptem uma posição "suspensa", apoiando a parte superior do corpo de forma a poderem baloiçar a parte inferior, especialmente para mulheres com uma segunda fase prolongada. O seu corpo "alarga-se",proporcionando mais espaço para o bebé. Por outro lado, não há pressão na pélvis, permitindo que se movimente livremente à medida que o bebé passa por essa zona.
Posições Neutras para a Força da Gravidade
As posições neutras para a força de gravidade como a de gatas, deitada de lado ou semisentada, são menos cansativas e podem ser úteis para a mulher que está exausta. Uma posição encostada de lado pode ajudar a diminuir o ritmo de um parto que progride demasiado rápido. Depois de o bebé entrar na zona da pélvis, ele rodará a sua cabeça para uma posição anterior(para a frente) ou para uma posição posterior(para trás). É muito mais fácil o bebé descer e mais confortável para a mulher, se a cabeça do bebé estiver numa posição anterior. Bebés numa posição posterior pode causar as conhecidas "dores lombar de parto". A posição de "quatropatas" retira o peso do bebé da zona lombar e do cóccix da mulher e proporciona espaço para que o bebé rode para uma posição anterior.
O que nos diz a Investigação De acordo com o "The Cochrane Pregnancy and Childbirth Group", uma fonte de informação reconhecida mundialmente, relativamente aos cuidados com base em evidências científicas, o uso de qualquer posição vertical ou deitada de lado, comparado com posições de supina ou litotomia está associada com os seguintes resultados:
- Reduz a duração da segunda fase do trabalho de parto
- Pequena redução na necessidade de intervenção no parto
- Reduz os relatos de dores fortes
- Menor padrão de anomalia dos batimentos cardíacos fetal Um ligeiro aumento nas lacerações de 2º grau (somente no grupo de posição vertical)
- Um aumento na perda de sangue estimada
Acrescenta-se ainda que, a posição de deitada de costas pode causar redução de pressão sanguínea da mulher em trabalho de parto e reduzir o fluxo sanguíneo para o bebé, devido ao peso que o útero exerce sobre as principais veias que aportam o fluxo de sangue. Na posição de litotomia, a mulher faz força contra a gravidade.
Recomendações das Enfermeiras A associação "Women’s Health, Obstetric and Neonatal Nurses" (AWHONN) recomenda, que todas as mulheres grávidas recebam informação sobre os benefícios das posições verticais na segunda fase do trabalho de parto. Recomenda também que as enfermeiras desencorajem as posições de supina e estimulem as posições de cócoras, semi-deitadas e de joelhos. A AWHONN recomenda também que a mulher não deve fazer força sem que ela sinta vontade de o fazer, e que, ao senti-lo o devem fazer de acordo com o que o seu corpo lhes vai dizendo.
Gritar, gemer, soprar, ou suster a respiração desde que por menos de 6 segundos enquanto a mulher faz força em respostas ás contracções deverá ser incentivado pela enfermeira.
Recomendações de Lamaze Internacional Lamaze Internacional recomenda que escolha posições verticais ou semi-deitadas. Você e o seu companheiro deverão ver e praticar várias posições para a segunda fase do trabalho de parto. Deverá perguntar que posição o profissional de saúde recomenda para o seu parto e que, caso exista, que restrições é que podem haver.
Durante o trabalho de parto deverá escutar o seu corpo e escolher a posição que lhe pareça mais confortável no momento, para si e para oseu bebé.
Elaborado pelo Conselho de Educação do Instituto Lamaze