Conversa á entrada da escola da minha filha: " eu só amamentei 1 mes e a minha filha é muito saudável... " a minha resposta " e eu cai de um 5º andar e não morri"
Comparadas às amamentadas exclusivamente, as crianças parcialmente amamentadas tiveram risco de morte por doença diarreica 4,2 vezes maior. O nãoaleitamento está associado a um risco 14,2 vezes maior de morte por doença diarreica em crianças brasileiras. Victora CG, Smith PG, Patrick J, et al. Infant feeding and deaths due to diarrhea: A casecontrolled study. Amer J Epidemiol 129: 1032-1041, 1989
Bebés em Bangladesh, parcialmente amamentados ou não-amamentados, apresentaram risco de morte por infecção respiratória aguda 2,4 vezes superior ao de bebés amamentados exclusivamente. Quando as crianças foram predominantemente amamentadas, o risco de morte por infecção respiratória aguda foi similar ao daquelas que receberam aleitamento materno exclusivo. Arifeen S, Black RE, Atbeknab G, Baqui A, Caulfield L, Becker S, Exclusive breastfeeding reduces acute respiratory infection and diarrhea deaths among infants in Dhaka slums. Pediatrics 108: e67, 2001
Pesquisadores examinaram 1204 bebés que morreram entre 28 dias e um ano de causas que não incluíram anomalia congênita ou tumor maligno, e 7740 crianças que ainda estavam vivas com um ano de vida para o cálculo da mortalidade, e se essas crianças haviam sido amamentadas ou não, assim como os efeitos dose-resposta. Crianças nunca amamentadas apresentaram risco 21% maior de morte no período pós-neonatal que as amamentadas. Quanto mais prolongada a amamentação mais baixo foi o risco. Promover o aleitamento materno traz um potencial para a nãoocorrênciade cerca de 720 mortes pós-neonatal por ano nos Estados Unidos. No Canadá, isso representaria cerca de 72 mortes. Chen A, Rogan WJ. Breastfeeding and the risk of postneonatal death in the United States. Pediatrics 113: 435-439, 2004
Um estudo importante feito em Gana procurou avaliar se o momento certo do início do aleitamento materno e o tipo de aleitamento praticado estão associados ao risco de mortalidade neonatal. O estudo incluiu 10.947 bebés que sobreviveram ao segundo dia e cujas mães foram visitadas durante o período neonatal. O aleitamento materno foi iniciado no primeiro dia de vida em 71% dos bebés e em 98,7% até o terceiro. O aleitamento materno foi exclusivo para 70% no período neonatal. O risco de morte neonatal foi quadruplicado nos bebés que receberam líquidos à base de leite ou sólidos, junto com o leite materno. Houve uma clara reacção dose-resposta: quanto maior a mortalidade neonatal, maior o retardo do início do aleitamento materno, da primeira hora ao sétimo dia. O início após o primeiro dia foi associado a um aumento de 2,4 no risco de mortalidade. Os autores concluem que 16% das mortes dos neonatos podem ser evitadas se todos os bebés forem amamentados a partir do primeiro dia, e que 22% podem ser evitadas se o aleitamento materno for iniciado na primeira hora. Edmond KM, Zandoh C, Quigley MA, Amenga- Etego S, Owusu-Agyei S, Kirkwood BR. Delayed breastfeeding initiation increases risk of neonatal mortality. Pediatrics 117: 380-386, 2006
Um estudo norte-americano avaliou 220 bebés, através da Escala Bailey de Desenvolvimento Infantil aos 13 meses e das Escalas Wechler de Pré-Escola e Ensino Fundamental aos 5 anos de idade, com o objectivo de determinar o impacto do aleitamento materno exclusivo no desenvolvimento cognitivo dos nascidos pequenos para a idade gestacional. A conclusão foi que bebés pequenos para a idade gestacional amamentados exclusivamente (sem suplementos) apresentaram uma vantagemsignificativa no desenvolvimento cognitivo, sem comprometimento do crescimento. Rao MR, Hediger ML, Levine RJ, Naficy AB, Vik T. Effect of breastfeeding on cognitive development of infants born small for gestational age. Arch Pediatr Adolesc 156: 651-655, 2002
A amamentação apresenta potenciais efeitos benéficos de longo prazo na vida do indivíduo, através da sua influencia no desenvolvimento cognitivo e educacional na infancia. É essa a conclusão de um estudo britânico, que verificouque a amamentação estava associada de forma positiva esignificativa aos níveis educacionais atingidos aos 26 anos, assim como à capacidade cognitiva aos 53 anos. Richards M, Hardy R, Wadsworth ME. Long-tern effects of breast-feeding in a national cohort: educational attainment and midlife cognition function. Publ Health Nutr 5: 631-635, 2002
Crianças norte-americanas em idade escolar (439), nascidas entre 1991 e 1993, com peso ao nascer inferior a 1,5 kg, passaram por vários testes cognitivos. Os bebés com peso muito baixo ao nascer e nunca amamentados apresentaram valores mais baixos nos testes de função intelectual geral, capacidade verbal, habilidades espaciais-visuais e motoras do que a crianças que foram amamentadas. Smith MM, Durkin M, Hinton VJ, Bellinger D, Kuhn L. Influence of breastfeeding on cognitive outcomes at age 6-8 year follow-up of very low-birth weight infants. Am J Epidemiol 158:1075-1082, 2003
Crianças de mães filipinas de famílias de baixo rendimento foram acompanhadas do nascimento até á infância, e investigadas quanto à capacidade cognitiva aos 8,5 e 11,5 anos de idade. Após controle das variáveis, as crianças amamentadas durante 12 a 18 meses atingiram valores mais altos no Phillipines Nonverbal Intelligence Test. Os efeitos foram ainda maiores nos bebés com baixo peso ao nascer (1,6 e 9,8 pontos, respectivamente). A conclusão dos autores é de que a amamentação por período longo é importante após a introdução dos alimentos complementares, sendo ainda mais importante para os bebés com baixo peso ao nascer. Daniels M C, Adair L S. Breast-feeding influences cognitive development of Filipino children. J Nutr. 135: 2589-2595, 2005
Um estudode 1246 bebés saudáveis no Arizona (EUA) procurou determinar a relação entre o aleitamento materno e recorrência de respiração difícil. Os resultados mostraram que crianças não-atópicas, aos 6 anos de idade, que não foram amamentadas, tinham probabilidade três vezes maior de apresentar recorrência de "gatos". Wright AL, Holberg CJ, Taussig LM, Martinez FD. Relationship of infant feeding to recurrent wheezing at age 6 years. Arch Pediatr Adolesc Med 149: 758-763, 1995
Um estudo de 2184 crianças no Hospital for Sick Children em Toronto (Canadá) mostrou que o risco de asma e respiração difícil era 50% maior nos bebés alimentados por fórmulas, quando comparados a bebés amamentados por nove meses ou mais. Dell S, To T. Breastfeeding and Asthma in Young Children. Arch Pediatr Adolesc Med 155: 1261-1265,
Pesquisadores na Austrália Ocidental estudaram 2602 crianças para entender o aparecimento de asma e respiração difícil aos 6 anos de idade. A ausência de aleitamento materno aumentou o risco de asma e "gatos" em 40%, quando comparado com bebés amamentados exclusivamente por 4 meses. Os autores recomendam a amamentação exclusiva durante um mínimo de 4 meses para redução do risco de asma. Oddy WH, Peat JK, de Klerk NH. Maternal asthma, infant feeding, and the risk for asthma in childhood. J. Allergy Clin Immunol. 110: 65-67, 2002
Foi realizada uma revisão de 29 estudos para avaliar o efeito protector do aleitamento materno na asma e na atopia. Todos mostraram um efeito protector da amamentação. A conclusão clara e consistente foi que a ausência do aleitamento materno coloca os bebés em risco de asma e atopia. Oddy WH, Peat JK. Breastfeeding, Asthma and Atopic Disease: An Epidemiological Review of Literature. J Hum Lact 19: 250-261, 2003
Extraído do livro Mi Niño No Me Come, do pediatra Dr. Carlos González
"O leite de seguimento é uma invenção comercial com pouca utilidade prática. Nos Estados Unidos, a Academia Americana de Pediatria recomenda dar aos bebês que não são amamentados o mesmo leite durante todo o primeiro ano. A OMS também diz que o leites de continuação são desnecessários. Por quê se inventaram então? Muito simples. A lei proíbe em muitos países (inclusive España) fazer propaganda do leite de partida. Mas a maioria, infelizmente, não proíbe a propaganda do leite de seguimento. Assim que para os fabricantes o ideal é disponibilizar dois leites com o mesmo nome, que só se diferenciem pelo numerozinho. Existe alguém tão inocente para acreditar que a propaganda de Badmilk 2 não faz aumentar as vendas de Badmilk 1? A principal utilidade dos leites de continuação, segundo a ESPGAN (Sociedade Européia de Nutrição e Gastroenterologia Pediátrica), é que são mais baratos. Como o leite artificial é caro, as mães com menos recursos que dão mamadeira poden sentir-se tentadas a introduzir antes de um ano o leite integral de vaca, que não seria muito conveniente. Um leite que, sem ser tão adaptado às necessidades do bebê como o de partida, saísse mais barato poderia ser útil. Sem ser tão adaptado? Exato. O leite de vaca tem um excesso de proteínas, mas que o triplo que o leite materno. Este é um dos seus maiores perigos, um bebê não pode metabolizar uma quantidade tão grande de proteínas e pode adoecer gravemente. A fabricação do leite artificial consta de vários passos, um dos quais é eliminar a maior parte das proteínas. Não é fácil eliminar proteínas do leite. Se não é preciso eliminar tanto, é mais fácil de fabricar e portanto, mais barato. Não é que o leite de seguimento seja melhor para os bebês maiores. É pior que o leite de partida, porque está menos adaptado. Mas os bebês maiores tem capacidade suficiente para metabolizá-lo e podem tolerá-lo. Naturalmente, a publicidade da indústria láctea tenta vender o leite de seguimento como “enriquecido em proteínas para cobrir as necessidades do seu filho”. Que idiotice! As necessidades de proteína dos bebês diminuem à medida que crescem, de mais de 2g por kilo de peso e dia ao nascer até 0,89 entre os seis e nove meses e 0,82 entre os nove e os doze. Um bebê de 8 kg precisa de 7,12 g de proteínas ao dia, que pode conseguir com 790 ml de leite materno (uma quantidade razoável), ou com 550 ml de leite de partida (o leite de partida sempre tem um pouco mais de proteína que o leite materno para tentar compensar sua má qualidade). O mesmo bebê, tomando 500 ml de leite de seguimento, receberia 11 g de proteínas, muito mais do que necessita…e isso sem contar as proteínas dos cereais ou do frango que possa comer. Não se deixe enganar pela publicidade, o excesso de proteínas do leite de continuação não é nenhuma vantagem para o seu filho, mas sim um lixo industrial. Os bebês que mamam no peito continuam com o peito. A Academia Americana de Pediatria recomenda dar o peito, no mínimo por um ano e depois “até que a mãe e o filho queiram”. A OMS e a UNICEF recomendam dar o peito “dois anos ou mais”. Naturalmente, se por qualquer motivo você quer desmamar o seu filho antes de um ano, terá que dar outro leite. É sua decisão. Mas não permita que outras pessoas decidam por você. Ninguém diz a uma mãe que dá mamadeira: “Esse leite já não alimenta, a partir de agora é melhor dar leite materno”. É natural imaginar que uma mãe que decida dar mamadeira, continuará fazendo durante anos. A mãe que dá o peito tem direito ao mesmo respeito."
* Interfere na relação mãe-filho * Episódios mais frequentes de diarreia e infecções respiratórias * Maior frequência de desnutrição e de carência em micro-nutrientes * Maior frequência de doenças cardiovasculares * Maior frequência de diabetes e de tumores * Menor desenvolvimento cognitivo * Menor espaçamento entre gravidezes * Maior incidência de depressão pós-parto * Maior incidência de tumores maternos * O leite em pó não é um produto estéril, ao contrário dos leites artificiais líquidos * O leite em pó pode ser contaminado a nível industrial no processo de produção com bactérias patogénicas (até 14% de amostras testadas).